São Paulo, quinta-feira, 1 de junho de 1995
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Pacote Blue Note traz revelações do jazz

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O jazz vai muito bem, obrigado. Essa é a sensação deixada pelo pacote de lançamentos do selo Blue Note, que está chegando esta semana ao mercado brasileiro via importação da EMI-Odeon. Cinco músicos ainda pouco conhecidos no país exibem diversos enfoques da atual produção jazzística.
O pianista cubano Gonzalo Rubalcaba, 31, é uma sensação no cenário internacional. Seu estilo combina o calor e a garra típicos dos músicos latinos com um ``approach" jazzístico que não dispensa a suavidade. Nem tudo é fogo em seu toque personalíssimo.
O título ``Diz..." engana. Mais do que um tributo ao trompetista e patrono do jazz afro-cubano Dizzy Gillespie (1917-1993), o novo CD de Rubalcaba traz releituras de clássicos do ``bebop" -o estilo de jazz que Gillespie ajudou a forjar, em meados dos anos 40.
Com o máximo de liberdade rítmica e melódica, Ron Carter (baixo) e Julio Barreto (bateria) seguem o piano ágil de Rubalcaba em inovadoras versões de ``Con Alma", ``Smooch" e ``Donna Lee" e ``A Night in Tunisia".
Em seu primeiro álbum gravado nos EUA, o pianista Jacky Terrasson, 29, mostra porque vem sendo festejado como uma das grandes revelações do jazz atual.
Nascido na Alemanha e criado na França, Terrasson comprou seu passe para a terra dos gigantes em 93. Venceu o concurso de piano do Instituto de Jazz Thelonious Monk, nos EUA, ganhando um contrato com a Blue Note.
Além de técnica e considerável bagagem jazzística, Terrasson impressiona com suas recriações de standards, como ``I Love Paris" e ``Bye Bye Blackbird". No trio com Ugonna Okegwo (baixo) e Leon Parker (bateria), o pianista brinca com os andamentos e cria células rítmicas excitantes.
Com uma carreira discográfica que já entrou na segunda década, o guitarrista americano Kevin Eubanks, 37, não se considera exatamente um jazzista, o que jamais o impediu de tocar com mestres como McCoy Tyner ou Sam Rivers.
O CD ``Spiritalk 2" destaca o trabalho de Eubanks como compositor. Autor das nove faixas, ele troca a guitarra pelo violão. E escolhe uma instrumentação acústica e pouco comum, que inclui flauta, trombone, baixo e bateria.
O saxofonista norte-americano Richard Elliot entra com a única fatia comercialóide do pacote. Em seu oitavo álbum, o ex-integrante das bandas Tower of Power e Yellowjackets demonstra ser apenas o enésimo clone da famigerada ``jazz fusion".

Títulos: Rush Hour (do saxofonista Joe Lovano); Diz... (do pianista Gonzalo Rubalcaba); Jacky Terrasson (do pianista Jacky Terrasson); Spiritalk 2 (do guitarrista Kevin Eubanks); After Dark (do saxofonista Richard Elliot)
Quanto: R$ 22 (em média, cada CD)

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