São Paulo, quinta-feira, 1 de junho de 1995
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Chile promete prender general

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo chileno anunciou que pode usar a força para pôr na cadeia os dois generais condenados anteontem pela Corte Suprema, acusados da morte do ex-ministro socialista da Defesa Orlando Letelier, em 1976.
Os generais Manuel Contreras e Pedro Espinoza foram condenados a sete e seis anos de prisão, respectivamente.
Em 1976 eles trabalhavam para a polícia política chilena. O país estava sob regime militar liderado por Augusto Pinochet. O assassinato aconteceu em Washington.
Logo após a decisão da Corte Suprema -irrecorrível-, o general Contreras, 66, disse que não se entregaria. Contreras disse que sua recusa tem ``adesão total" do Exército, ainda comandado por Pinochet.
O general está refugiado em uma fazenda na localidade de Viejo Roble, 900 km ao sul de Santiago. Por telefone, seu filho ameaçou com a possibilidade de que haja ``derramamento de sangue" caso o governo tente prender o general reformado à força.
Ele negou que vá fugir do país ou cometer suicídio. Considerou seu julgamento injusto e ilegal.
Houve distúrbios em Santiago após o anúncio da pena para os militares. Foram presas 19 pessoas (entre elas 12 policiais) e 44 ficaram feridas. Um policial está em estado grave.
Inicialmente, a manifestação era uma comemoração de antigos opositores do regime de Pinochet, que se transformou em tumultos que duraram uma hora e meia.
Depois disso, não houve mais distúrbios em nenhum ponto do país. O presidente Eduardo Frei foi à televisão pedir calma à população e prometer o cumprimento da sentença.
A irmã de Letelier, Fabíola Letelier, se disse satisfeita com a pena, apesar de ter preferido a prisão perpétua aos acusados. Fabíola é advogada.
Ela disse que o veredicto ``permite avançar na consolidação da democracia". Para ela, o mais importante é que o tribunal reconheceu os crimes da Dina (a polícia política do regime).
O governo dos EUA expressou, em comunicado do Departamento de Estado (o equivalente ao Ministério das Relações Exteriores), satisfação pela condenação dos dois generais.
Letelier, morto por uma bomba colocada em seu carro aos 44 anos, era um dos principais opositor de Pinochet e vivia exilado na capital dos EUA.
Junto com ele morreu também a norte-americana Ronni Moffitt, colaboradora de Letelier em um instituto de estudos políticos criado por ele.

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