São Paulo, quinta-feira, 1 de junho de 1995
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Sérvios fazem proposta de negociação para reféns

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Sérvios propuseram ontem "negociações imediatas" para a libertação dos cerca de 400 reféns das Nações Unidas, entre eles dois brasileiros, que tomaram na Bósnia.
"Estamos convocando discussões imediatas", afirmou Miroslav Toholj, "ministro da Informação" da autoproclamada República Sérvia na Bósnia. A declaração foi feita depois de combates na capital Sarajevo e em Gorazde.
Os sérvios da Bósnia controlam 70% do território do país e têm recusado um plano de paz que o divide ao meio com uma federação de muçulmanos e croatas.
A ONU (Organização das Nações Unidas) mantém na Bósnia 22 mil homens para garantir a segurança de civis em regiões classificadas como "áreas protegidas".
O ataque sérvio a uma dessas áreas, Sarajevo, fez a ONU convocar na semana passada bombardeios aéreos da Otan, aliança militar liderada pelos EUA.
Diante desses bombardeios, sérvios tomaram como reféns soldados e observadores da ONU. Alguns, algemados a possíveis alvos de bombardeios, foram usados como "escudos humanos".
Para negociar a libertação dos reféns, os sérvios exigiram que também haja discussões sobre "garantias de segurança".
Essas garantias podem incluir a promessa de que não haja mais ataques da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
Sarajevo amanheceu ontem em meio a pesados bombardeios. "Os sérvios tentaram atacar as montanhas de Debelo Brdo", afirmou uma porta-voz da ONU.
Os sérvios visavam com morteiros e artilharia três bunkers em Debelo Brdo, ou "montanha gorda". O local oferece controle sobre uma rota de suprimentos para a capital bósnia, sitiada há três anos pelos sérvios.
Um míssil foi lançado contra um caça da Otan que sobrevoava Sarajevo, que escapou ileso. O prefeito da cidade, Tarik Kapusovic, pediu ação contra os sérvios.
No encrave muçulmano de Gorazde, outra "área protegida", sérvios usaram morteiros, metralhadoras, rifles e até tanques para tentar tomar montanhas e postos de observação.
Em Gorazde, sérvios tomaram como reféns 33 britânicos e 7 ucranianos, dos 400 soldados da ONU que monitoram o encrave.
Esforços diplomáticos para libertar os reféns estavam emperrados ontem. Representantes da Otan marcaram reunião para o sábado em Paris para estudar um reforço às tropas da ONU.
O primeiro grupo de um contingente de cerca de 6.000 soldados britânicos destinados à Bósnia chegou ontem a Gornji Vakuf.
O porta-aviões francês Foch chegou à costa do mar Adriático, com 500 soldados de elite.

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