São Paulo, quinta-feira, 1 de junho de 1995
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Ponte parlamentar; Fiscalização; Eletricitários; Rockefellers e Townsends; Crédito rural; Casas no Nordeste; Precedente

Ponte parlamentar
``Em relação ao noticiário de ontem sobre a greve dos petroleiros, quero esclarecer que, apesar de amigo do presidente Fernando Henrique Cardoso, não fui autorizado por ele a fazer qualquer `ponte parlamentar' com os grevistas. Como parlamentar, e a pedido das lideranças sindicais, estou procurando encontrar, juntamente com outras lideranças do Congresso, uma saída rápida e honrosa para o fim da greve."
Franco Montoro, deputado federal pelo PSDB-SP (Brasília, DF)

Fiscalização
``Esta carta tem a finalidade de alertar a Folha quanto aos graves transtornos e sérios prejuízos que a atuação recente da Semab (Secretaria Municipal de Abastecimento) vem causando ao setor hoteleiro e de restaurantes de nossa cidade. Referimo-nos às últimas investidas da fiscalização desse organismo público municipal e à deturpação dos fatos a partir da própria distribuição do noticiário pela assessoria de divulgação da Semab. A forma como os fatos a que nos referimos foram divulgados evidencia a intenção de caráter político-eleitoral da administração municipal, extrapolando completamente o âmbito do estrito cumprimento do dever de fiscalizar. Cumprir as normas de preservação da higiene e saúde pública e fiscalizar o seu cumprimento são atos absolutamente legítimos. Os hotéis e restaurantes são os principais interessados na observância das normas legais, pois atender bem os clientes e turistas visitantes corresponde ao nosso interesse maior. Estranhamos, no entanto, que a divulgação dos fatos venha a distorcer a realidade, denegrindo a imagem de empresas sérias e que muito investiram para promover seus negócios e a estrutura de receptivo aos turistas que vêm a São Paulo. A própria Folha divulgou com estardalhaço a referida fiscalização nominando diversos hotéis e restaurantes e nada publicou quando esta mesma fiscalização atingiu seu próprio restaurante. Finalmente, cabe registrar que é um flagrante contra-senso o prefeito Paulo Maluf pretender promover São Paulo como a `capital da gastronomia' e, ao mesmo tempo, permitir que o seu secretário municipal de Abastecimento invista contra os hotéis e restaurantes apenas para aparecer na mídia. Tal comportamento, em nosso entender, é inadmissível, e não pouparemos esforços para fazer frente a esse abuso de autoridade, utilizando todos os meios judiciais cabíveis."
Roberto Felix Maksoud, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (São Paulo, SP)

Eletricitários
``Nesta seção, na edição de ontem, a jornalista Maria José O'Neill demonstra total falta de informação sobre as minhas declarações na imprensa. Em momento algum ataquei os eletricitários, chamando-os de `vagabundos'; ao contrário, trata-se de uma categoria digníssima e lutadora. O que eu disse, e repito, é que `vagabundos' são uma casta de privilegiados instalada no funcionalismo e nas estatais, formada basicamente de apadrinhados de políticos. Em segundo lugar, realmente trocamos o gatilho salarial com o governo por uma política de livre negociação. Todos nós sabemos que o gatilho salarial nada mais é do que a corrida atrás do rabo, ou seja, da inflação passada, enquanto que só a livre negociação pode gerar ganhos reais para os trabalhadores. Além disso, para informação da jornalista, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo é o único no país a fechar dois acordos de antecipação salarial, um no início do ano e outro neste mês. Isso porque sabemos lutar. Por último, dizer que sente saudade de figuras do sindicalismo é pura asneira. Quem vive de passado é museu."
Paulo Pereira da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo (São Paulo, SP)

Rockefellers e Townsends
``Na Folha de 23/5, o artigo `Livro diz que Rockefeller tem império na Amazônia' comenta o livro `Thy Will Be Done', recentemente publicado nos EUA. Este livro alega cumplicidade entre duas famílias americanas, os Rockefellers e os Townsends, para a exploração da Amazônia. Entretanto, a evidência indica que não houve nenhuma colaboração entre os linguistas da Wycliffe/SIL (missão fundada por Townsend) e os Rockefellers. Pelo contrário, os trabalhos da SIL têm contribuído para a preservação dos grupos indígenas e suas culturas, tanto no Brasil como em outros países. Saiu no `Washington Post', em 21/5, uma resenha do referido livro, sugerindo que os autores teriam sido mais bem-sucedidos se tivessem omitido todo o subenredo do suposto `papel dos missionários'. Os fatos mostram que em 1938, quando Townsend residia no México, o presidente Lázaro Cárdenas expropriou várias companhias americanas. A seguir, Townsend escreveu `A Verdade sobre o Petróleo Mexicano', defendendo a expropriação efetuada por Cárdenas. O fundador da Wycliffe/SIL foi condecorado duas vezes pelo governo peruano por seus serviços à população indígena daquele país. Em 1980 foi condecorado pelo governo brasileiro com o grau de oficial da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, por motivos semelhantes. `Thy Will Be Done' é um longo livro antimissionário. Uma simples apuração dos fatos teria abreviado, em muito, o trabalho: `Os negócios dos Rockefellers envolvem petróleo e bancos; os de Townsend, a Bíblia'. Ponto final."
John Michael Taylor, vice-presidente da Sociedade Internacional de Linguística (Brasília, DF)

Crédito rural
``O governo deveria respeitar a imensa maioria dos tomadores de crédito rural, que pagam seus compromissos em dia, não barganhando as dívidas antigas com a `bancada ruralista', representante dos nebulosos interesses dos agrocaloteiros."
César Guedes de Moura (Umuarama, PR)

Casas no Nordeste
``A destruição de 90 mil casas de trabalhadores rurais no Nordeste é um ato criminoso que muito nos preocupa. É necessária uma reação popular urgente, pois, caso contrário, esta selvageria poderá tomar conta do país."
Domingos Taufner (Vila Velha, ES)

``Como tantos outros leitores, sinto-me estarrecido com a informação de que 90 mil casas de trabalhadores rurais de Alagoas e Pernambuco foram demolidas por usineiros e fazendeiros a fim de descaracterizar vínculo empregatício, desobrigando-os a pagar os encargos trabalhistas. Pergunto aos juristas se não haveria um meio de se caracterizar tal medida como `crime hediondo' e condenar esses senhores escravocratas, atraso do atraso -conforme muito bem os classificou Marcelo Beraba em 29/5-, a, no mínimo, prisão perpétua."
Newton Balzan (Campinas, SP)

``Passei por aquela favela de plástico localizada no caminho do aeroporto de Maceió. É uma versão `moderna' das senzalas, com sua população majoritariamente negra. A celebração de Zumbi que queremos passa pela preservação do sagrado direito de morar dos descendentes do herói de União dos Palmares, também atingida pela sanha expulsora dos usineiros."
Diva Moreira, coordenadora do Projeto de Celebração do Tricentenário de Zumbi dos Palmares da Casa Dandara, seguem-se mais 15 assinaturas (Belo Horizonte, MG)

Precedente
``A decisão do TST, invalidando o acordo entre o governo Itamar e o sindicato dos petroleiros, tem uma ramificação importantíssima a favor de cada empregado no país. O acordo era pelo menos tecnicamente ilegal. Uma confirmação da sua vigência teria estabelecido, pelo princípio do precedente jurídico, a validade de todos os acordos ilegais entre empregador e empregado, por exemplo, um acordo contratual em que um empregado demitido é coagido a aceitar uma indenização baixa, mas em dinheiro vivo, em lugar das condições prescritas pela lei trabalhista. Não esperei a CUT aplaudir as decisões. Porém, sua recusa em engolir esse lado da moeda fornece mais um comprovante da natureza política da greve atual."
Hanns John Maier (Ubatuba, SP)

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