São Paulo, quinta-feira, 1 de junho de 1995
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Cidade espelha passado e a melhor tradição

LÚCIA MARTINS
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR (BA)

Salvador não é só praia, candomblé e trio elétrico. História também faz parte de quem quer, além de se bronzear e beber cravinho (drinque feito de pinga e canela), saber um pouco mais sobre a primeira capital do Brasil.
Uma série de museus escondidos em igrejas e fundações compõe um roteiro cultural e alternativo que vale a pena ser percorrido. Em uma única tarde, é possível visitar pelo menos cinco. Todos estão concentrados no miolo do centro histórico, o Pelourinho.
Comece a visita pelos museus de igrejas, a maioria localizada no chamado Terreiro de Jesus, ou praça 15 de Novembro.
Quase todas as igrejas têm seus próprios museus. Uma boa maneira de se começar o passeio é pela Catedral Basílica de São Salvador, que fica na própria praça.
O museu tem imagens de santos e objetos, como o busto de São Francisco Xavier (1686), padroeiro da cidade, e a cadeira usada pelo padre Antonio Vieira (1608), famoso por sua retórica em sermões inflamados.
A visita leva pouco tempo e pode ser seguida de uma passagem rápida pelo pátio interno da igreja de São Francisco, localizada no lado oposto ao da Catedral.
O pátio é todo decorado com painéis de azulejos portugueses do século 17 e 18.

Barroco
Saindo da igreja de São Francisco, visite a igreja da Ordem Terceira, que fica ao lado. A igreja é uma das mais bonitas da cidade e onde o barroco (estilo que predominou no Brasil dos séculos 16 ao 18, cuja manifestação principal foram a escultura e a arquitetura sacra) melhor se expressou.
Ao fim das visitas às igrejas, há três museus que valem uma passagem. O museu da Faculdade de Medicina (no Terreiro de Jesus), o museu Abelardo Rodrigues e o museu Eugênio Teixeira Leal (leia texto ao lado).
Nos subterrâneo da Faculdade, antiga sede do Colégio dos Jesuítas, funciona um museu afro-brasileiro, um memorial de medicina e um de arqueologia e etnologia.
Por fim, conheça o Abelardo Rodrigues. O museu fica na rua Gregório de Mattos-uma homenagem ao grande poeta barroco brasileiro- e reúne a coleção pessoal de arte sacra do pernambucano Abelardo Rodrigues (1908-1971), com imagens de santos, miniaturas e quadros.

Dinheiro
O Museu Eugênio Teixeira Leal/Memorial Banco Econômico, no Pelourinho, tem um acervo que inclui coleções de moedas, medalhas, condecorações e, ainda, abriu recentemente uma mostra permanente sobre a história mundial do dinheiro.
A mostra é interativa e feita principalmente para as crianças. São painéis que explicam o surgimento do dinheiro para substituir a simples troca de mercadorias, botões que acendem, mapas iluminados. A idéia, segundo os organizadores, é despertar o interesse das crianças pelo dinheiro.
No final da visita, as crianças preenchem um cheque com um valor que elas terão que gastar com balas ou chocolates à venda na saída do museu.
A mostra, segundo os organizadores, é a mais completa existente no Brasil.
No último dia 10, após oito meses em obras, o museu inaugurou suas novas instalações, onde foi instalada a mostra permanente sobre a história do dinheiro.
O museu tem ainda sala de vídeo, museu-escola e um arquivo, que está desenvolvendo o ``Fala Pelô".
O projeto recolhe depoimentos para tentar reconstituir a história do centro histórico.
O museu funciona na antiga sede do Banco Econômico na cidade, que data de 1834.

LEIA MAIS
Sobre a Bahia nas págs. 6-12 a 6-14

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