São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995
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OAB; Etiqueta; Unesp; Relatividade; Fiscalização; O PT e a greve

OAB
``A seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil compartilha, em tese, das idéias manifestadas pela Folha em seu editorial `A lei, a greve e o bom senso', publicado em 30/5. Solicita, no entanto, uma retificação fundamental: não é verdade que a OAB esteja mantendo absoluto silêncio a respeito do assunto. Em todas as oportunidades possíveis, esta seccional tem manifestado seu repúdio a todo tipo de desrespeito ao estado de Direito, como o que se destaca no citado editorial. Prova desse fato encontra-se em jornais como a própria Folha, que publicou, no último dia 18, na pág. 1-6, a manifestação do presidente paulista da OAB, Guido Antonio Andrade, afirmando que `O desrespeito à decisão judicial leva à anarquia e ao rompimento da credibilidade nas instituições. Há uma certa ligação entre esse comportamento e o das pessoas que andaram atirando pedras no governador de São Paulo, no presidente da República e garrafa de água na primeira-dama. É de se recordar a frase do presidente Julio Maria Sanguinetti: Lamentável que pessoas que tanta paciência tiveram com a ditadura -ou seja, com o regime de exceção- não tenham nenhuma com a democracia.' Isso posto, percebe-se que a afirmação -no editorial- não corresponde à realidade."
Reinaldo Antonio de Maria, assessor de imprensa da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (São Paulo, SP)

Nota da Redação - O fato de o sr. Guido Antonio Andrade, presidente da OAB de São Paulo, ter-se manifestado, e, ainda assim, só quando provocado pela reportagem, não justifica a posição da Ordem, que até agora não se pronunciou oficialmente sobre o desrespeito ao estado de Direito.

Etiqueta
``Com referência ao artigo recentemente publicado pelo jornalista Matinas Suzuki Jr., com o título de `Etiqueta Abril', esclarecemos que não é verdade que o Grupo Abril `atravessa um momento delicado'. Os nossos balanços do exercício de 1994, já publicados, apontam um lucro líquido de mais de R$ 62 milhões. Além disso, todas as nossas empresas estão batendo recordes de venda há 17 meses consecutivos. A circulação total das revistas da casa está 48,7% acima da do ano passado, confirmando a convicção tanto da Folha como da `Abril' de que o leitor é o verdadeiro juiz da qualidade e da credibilidade da imprensa. Com relação aos outros conceitos emitidos pelo jornalista, consideramo-los como manifestação de suas opiniões pessoais."
Sergio Soares Reis, vice-presidente do Grupo Abril (São Paulo, SP)

Unesp
``Estranhamente fiando-se na informação (?) de uma diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP (!), a Folha (31/5, pág. 3-8) noticiou que `dos 17 campi da Unesp (Universidade Estadual Paulista), em oito os funcionários estão de braços cruzados'. Tenho a informar agora -como poderia tê-lo feito quando da apuração dos dados para a matéria, caso tivesse sido consultado pela reportagem- que não há greve em nenhum dos campi desta universidade."
José Roberto Ferreira, assessor de imprensa da Universidade Estadual Paulista (São Paulo, SP)

Relatividade
``A entrevista do professor J. Tiomno na Folha de 28/5 contém equívocos e insinuações malévolas. Ele afirma que minha citação ao artigo que publicamos em 1985 (no meu texto do `Jornal de Resenhas' de 1/5) estava fora de contexto. Tal afirmação é `non sequitur'. As únicas incorreções daquele texto são simples erros de datilografia. Assim o nome do autor de `Quantum Paradoxes and Physical Reality' é F. Selleri e não F. Selieri. Deveria estar escrito que comecei a preocupar-me com teorias alternativas à relatividade em 1975 e não em 1985, como ali apareceu. Publiquei, antes e depois da minha breve colaboração com o professor Tiomno, inúmeros artigos sobre os fundamentos da relatividade. No nosso trabalho de 1985, contrariamente ao que afirma o professor Tiomno, encontram-se duas citações de artigos que publiquei antes de 1985. Mais importante é informar ao leitor da Folha que Nimtz disse que sua experiência não viola a causalidade de Einstein, somente se esta é entendida no sentido de Brillouin e Sommerfeld (um conceito muito técnico para ser aqui discutido). Posso provar que a experiência de Nimtz contradiz a relatividade. Mais sobre o assunto, só nas páginas das revistas científicas."
Waldyr A. Rodrigues Jr., diretor do Instituto de Matemática, Estatística e Ciência da Computação da Universidade Estadual de Campinas (Campinas, SP)

Fiscalização
``O sr. Roberto Felix Maksoud, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih), em carta publicada nesta Folha ontem, faz acusações levianas à Secretaria Municipal de Abastecimento (Semab), num claro intuito de confundir os leitores e de fugir às suas próprias responsabilidades. Os fatos, que ele se recusa a admitir, são os seguintes: 1) através da vigilância sanitária, a Semab faz rotineiras inspeções nos diversos estabelecimentos da cidade que servem alimentos ao público, quer sejam restaurantes de hotéis de luxo ou não, padarias e bares, lanchonetes e restaurantes de empresas, inclusive de empresas jornalísticas; 2) não apenas a lanchonete da Folha foi autuada recentemente, mas também as dos jornais `O Estado de S.Paulo' e `Diário Popular', assim como de clubes, do Palácio dos Bandeirantes e do Palácio das Indústrias; 3) a Semab não é responsável por aquilo que os editores selecionam ou não como notícia, nem está atrás de publicidade. A descrição exata de sua atuação é publicada regularmente no Diário Oficial do Município, como na edição de 31/5, que traz a lista de 96 estabelecimentos vistoriados no dia 29/5, dos quais três foram interditados, 16 autuados, 48 intimados e 20 encontrados em boas condições. A Semab mantém ainda o Disque Sujinho 229-2050 para receber reclamações da população; 4) é compreensível que as baratas encontradas nas cozinhas do Maksoud Plaza e de outros hotéis e restaurantes de luxo tenham virado manchetes, mas essa não era e não é nossa intenção, caso contrário poderíamos ter documentado em vídeo e fotos todas as infrações cometidas contra o Código Sanitário, que deve ser observado tanto pelo bar da esquina como por hotéis cinco estrelas, para que São Paulo efetivamente mereça, a partir das condições de higiene das cozinhas e do respeito à saúde pública, o título de `capital da gastronomia'."
Waldemar Costa Filho, secretário municipal do Abastecimento (São Paulo, SP)

O PT e a greve
``A Folha de 31/5, em matéria do sr. Carlos Eduardo Alves, estampa na pág. 1-4 a manchete `PT tenta convencer CUT a acabar com a paralisação'. Segue-se na linha de baixo a inverdade `Partido quer volta ao trabalho ou articulação de um acordo no Congresso', em que já coloca sua primeira afirmação como alternativa (`ou') ao acordo no Congresso, para terminar desmentindo-se na abertura da matéria, quando diz que `os principais líderes do PT apresentaram ontem etc.'. Como secretário de comunicação da Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores, cabe-me desmentir o sr. Carlos. A Folha não ignora que um partido (`PT tenta', `PT quer') não é um ente imaterial. Um partido são suas instâncias, no caso a Comissão Executiva Nacional, que, tendo se reunido na segunda-feira (29/5), como é do conhecimento do sr. Carlos, não decidiu `tentar convencer a CUT' nem `quer volta ao trabalho'. A Comissão Executiva Nacional decidiu, isto sim, reafirmar sua solidariedade aos grevistas e envidar esforços para abrir um canal de negociação, no qual, naturalmente, os parlamentares e o Congresso têm um papel. Esclarecidos os leitores da Folha, esclarecemos o sr. Carlos, que, por razões de ofício, direta ou indiretamente, conversa com diferentes dirigentes, que o dever da informação correta não autoriza a identificar o que se considere `a cúpula' ou `os principais líderes', como sendo `o partido'. Em especial quando esse partido reúne sua executiva, ouve diferentes opiniões e termina não decidindo o que o sr. Carlos informou erradamente aos leitores da Folha."
Markus Sokol, membro da Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Carlos Eduardo Alves - As duas propostas alternativas apresentadas pela cúpula do PT à CUT pressupõem a volta ao trabalho como passo inicial da negociação, como o texto da reportagem deixa claro. Foram discutidas com Vicente Paulo da Silva em reunião com os principais líderes do partido, sem a presença do sr. Sokol. O sr. Sokol está entre as várias fontes ouvidas pela Folha para confirmar a posição de Luiz Inácio Lula da Silva favorável ao encerramento da greve, a fim de permitir o início de negociações entre petroleiros e governo.

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