São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995
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Transplante urgente

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou projeto de lei que transforma todos os paulistanos em doadores em potencial de órgãos e tecidos para transplantes. Se a proposta for de fato sancionada, quem não quiser ter seus órgãos retirados após a morte deve em vida comunicar o Cadastro Municipal de Não-Doadores para que a remoção não seja executada.
É claro que algo deve ser feito em favor dos milhares que aguardam um doador para algum tipo de transplante. Só na cidade de São Paulo existem 10 mil nessa situação. Muitos morrem na fila.
A oportunidade de aumentar a oferta de doadores se reforça quando se constata que a maioria das pessoas se disporia a fornecer seus órgãos, mas não sabe como fazê-lo. Segundo pesquisa Datafolha publicada em 6 de maio, 75% dos paulistanos doariam seus órgãos, mas 63% desconhecem o procedimento para fazê-lo. Apenas 15% não doariam em nenhuma circunstância.
Fica assim evidente que é possível, sem ferir a suscetibilidade da maioria da população, aumentar bastante a oferta de órgãos, salvando muitas vidas ou mesmo tornando-as de melhor qualidade.
Como esta Folha já defendeu, é realmente necessário transformar todos os brasileiros em doadores potenciais, resguardados os direitos daqueles que querem ter seus corpos intactos após a morte.
O projeto aprovado pela Câmara constitui portanto não apenas um grande avanço, mas também um exemplo a ser seguido. O melhor, aliás, seria que medida semelhante fosse adotada em esfera nacional. Isso não só viria conferir a todos os brasileiros os potenciais benefícios que a determinação trará aos paulistanos, como também evitaria dificuldades operacionais que podem surgir pelo âmbito apenas municipal da nova legislação. Afinal, transitam e eventualmente morrem na cidade de São Paulo milhares de pessoas provenientes dos mais remotos cantos do país.
Está portanto nas mãos do Congresso Nacional adotar a iniciativa dos vereadores paulistanos. É uma medida cuja simplicidade, cuja facilidade contrastam com a magnitude do seu impacto. Ela pode afinal melhorar, quando não salvar, a vida de milhares de pessoas.

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