São Paulo, sexta-feira, 2 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Covas, Pérsio e o Banespa

CLÓVIS ROSSI

SÃO PAULO - O caso Banespa, decididamente, não contribuiu para a queda de Pérsio Arida. É o que diz o próprio Pérsio e emenda o governador de São Paulo, Mário Covas.
Covas dá um argumento de lógica irrefutável: ``A saída do Pérsio foi muito ruim porque a gente estava com a negociação bem encaminhada". Agora, acrescenta o governador, vai ser preciso esperar a confirmação pelo Senado do novo presidente para reiniciar a negociação.
``E cada dia perdido é pior para o Banespa", completa Covas.
O governador nega também que esteja muito irritado com pelo menos parte da equipe econômica. Mas desfia um rosário de queixas, todas elas expostas, em seus devidos momentos, às autoridades da área econômica.
São casos conhecidos e já divulgados, como a polêmica sobre privatizar ou não o Banespa. Covas diz que essa discussão não tem sentido, porque não se trata de privatizar ou não, mas de achar uma maneira de reescalonar a dívida do governo do Estado para com o banco (US$ 12 bilhões).
``Nem vendendo todas as empresas do Estado, chega-se a esse valor", afirma Covas, citando levantamento do secretário da Fazenda, Yoshiaki Nakano, para quem tudo o que São Paulo poderia vender renderia a metade da dívida para com o Banespa.
Além dos conflitos conhecidos com a equipe econômica, Covas acrescenta uma divergência mais recente. ``Discordo da política de juros, sim. Até o presidente da República critica, por que eu não posso?", pergunta. E emenda: ``O mal que essa política está causando a São Paulo, eu não tenho a menor dúvida em afirmar".
Depois de todas essas queixas, que ele já fez diretamente aos alvos, o governador tem o cuidado de acrescentar: ``Não estou de mal, não" (com o governo Fernando Henrique).
``Eu posso achar ruins algumas coisas, mas o Fernando vai ter sempre todo o meu apoio", diz Covas.
É bem possível, porque o governador costuma ser de uma fidelidade canina aos companheiros de partido. Mas nem todos os membros do governo FHC são seus companheiros de partido.

Texto Anterior: Transplante urgente
Próximo Texto: Assalto de estudantes
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.