São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
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Brasil quer intensificar acordo com a Rússia

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil quer intensificar o acordo nuclear com a Rússia, firmado em setembro de 94 e ainda não-ratificado pelo Congresso. O acordo está na pauta da próxima semana da Comissão de Relações Internacionais da Câmara.
O presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, José Mauro Esteves dos Santos, defende que a cooperação inclua a pesquisa militar para fins pacíficos.
O que está definido até agora é a ajuda mútua em caso de acidente nuclear. O Brasil tem a experiência com o césio, em Goiânia, onde material radiativo retirado de um aparelho médico causou mortes. A ex-União Soviética passou pelo acidente de Chernobyl.
Mauro dos Santos, que é subordinado ao ministro-chefe da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), embaixador Ronaldo Sardenberg, fez uma viagem no início de abril para conhecer instalações de pesquisa nuclear russas.
A Folha apurou que a viagem causou inquietação no Departamento de Estado dos EUA.
A informação dos norte-americanos era de que militares brasileiros estavam visitando instalações nucleares da Rússia. Santos afirma que viajou sozinho e que desconhece a ida de militares ao país.
O embaixador do Brasil nos EUA, Paulo Tarso Flecha de Lima, foi chamado a dar explicações sobre o assunto no Departamento de Estado. Procurado pela Folha, Lima disse que não iria falar sobre o assunto.
A Folha apurou que as explicações do embaixador tranquilizaram o governo dos EUA. O Brasil não tem intenção de comprar reatores para produção de energia.
Também não há intenção de se importar tecnologia para fabricação de explosivos.
A ampliação do acordo com a Rússia poderia prever, segundo Santos, a importação de equipamentos para pesquisa -medidores por exemplo. ``Eles são de boa qualidade e têm bons preços", diz. Um dos acordos assinados pelo Brasil é bilateral com a Argentina, criando a ABACC (Agência Brasil-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares). O Brasil não assinou até hoje o TNP (Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares) alegando que é um acordo discriminatório. Ele dá a cinco países -EUA, China, Rússia, França e Inglaterra- o monopólio sobre armas nucleares.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, os outros acordos dão todas as garantias de que o Brasil não tem quer a energia nuclear para fins bélicos o que, portanto, torna desnecessário a assinatura do TNP.

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