São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
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Arida deixou BC; greve de petroleiros acabou

PLÍNIO FRAGA
DA REDAÇÃO

Duas novelas de longa duração se encerraram na semana que passou. Uma era produto de massas, seja por seus 50 mil protagonistas -os petroleiros em greve-, seja por sua capacidade de interferir no dia-a-dia dos brasileiros, principais atingidos pelas filas intermináveis atrás de combustível.
A outra, produto da corte e estrelada pelo economista Pérsio Arida. Só foi assistida por privilegiados e tinha um grau muito maior de intriga e veneno, como toda boa história de poder.
Arida, presidente do Banco Central (BC), começou a deixar o governo Fernando Henrique Cardoso em abril, na criticada desvalorização do real. Um dos formuladores do plano que levou FHC à Presidência, colecionou atritos com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o governador Mário Covas, além de queixas de empresários pela política de juros altos.
Na quarta-feira, Arida anunciou sua saída do BC alegando apenas ``razões pessoais". O economista Gustavo Loyola foi escolhido como seu substituto.
Duas horas antes do anúncio oficial da mudança de comando no BC, a empresa de consultoria MCM, da qual Loyola é um dos sócios, comunicou ao mercado que Arida sairia do governo. Se fosse uma novela comum, o mordomo poderia ser apontado como o culpado.
O fim da greve dos petroleiros foi anunciado sexta-feira. As refinarias de Cubatão e São José dos Campos rejeitaram orientação da Federação Única dos Petroleiros pelo fim do movimento.
O governo comemorou o final desta novela, certo de que fez o papel de mocinho. Os grevistas não conseguiram que nenhuma de suas reivindicações fossem atendidas e foram acusados até por parlamentares de esquerda de terem aberto ainda mais o caminho que vai permitir o fim do monopólio da Petrobrás na produção e distribuição de petróleo.
O abastecimento só deve estar normalizado no fim desta semana. O ministro da Casa Civil, Clóvis Carvalho, afirmou que as demissões dos líderes da greve serão mantidas.

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