São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
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Maluf faz dívida de SP crescer 72%

CLAUDIO AUGUSTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O endividamento da Prefeitura de São Paulo subiu 72,2% nos 27 primeiros meses da administração de Paulo Maluf (PPR), contra um crescimento de 36,6% da receita.
Se a dívida continuar crescendo no mesmo ritmo, o sucessor de Maluf terá a sua administração prejudicada.
Hoje, o estoque total da dívida é de R$ 3,1 bilhões, o que representa 75,6% dos R$ 4,1 bilhões que a prefeitura deve arrecadar em 95, sem contar novos empréstimos.
Em 92, antes de o prefeito Paulo Maluf assumir, a cidade devia R$ 1,8 bilhão, o equivalente a 60% da receita realizada naquele ano -R$ 3 bilhões.
O crescimento da dívida da cidade se deve, basicamente, à emissão de LFTMs (Letras Financeiras do Tesouro Municipal).
Os juros pagos pela prefeitura quando emite letras são maiores do que os que pagaria se obtivesse empréstimos junto aos bancos e às instituições financeiras internacionais, como o Bird (Banco Mundial) e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
O estoque da dívida em títulos (LFTMs) saltou de R$ 813,4 milhões em dezembro de 92 para R$ 2 bilhões em março de 95 -uma variação de 145,8%.
Os dados são da Câmara Municipal, com base em relatórios oficiais da Secretaria das Finanças.
Para o secretário Celso Pitta (Finanças), a ``saúde financeira" da prefeitura melhorou na gestão Maluf (leia à página 3).
Dados do Banco Central indicam um cenário ainda pior.
A dívida mobiliária (em títulos) da prefeitura cresceu mais de 200% só na gestão Maluf.
``Repete-se o fenômeno entre Quércia, Fleury e Covas", afirma o economista Paulo Sandroni, ligado ao PT. O governador Mário Covas (PSDB) herdou o Estado de São Paulo com uma dívida superior a tudo que arrecadará em impostos e taxas durante este ano.
Segundo o vereador Odilon Guedes (PT), Maluf está usando recursos que obteve com a emissão de LFTMs para fazer obras.
O dinheiro, no entanto, só poderia ser usado no pagamento de indenizações estabelecidas pela Justiça para pessoas que tiveram seus imóveis desapropriados, conforme estabelece a Constituição.
Maluf já inaugurou o túnel sob o rio Pinheiros, o complexo viário Bernardo Goldfarb, o complexo viário Tribunal de Justiça e os túneis do Minianel Viário.
O prefeito está investindo também no túnel sob o parque Ibirapuera e na extensão da avenida Faria Lima, duas obras viárias.
Boa parte da dívida feita por Maluf, segundo Sandroni, vence a partir de 1997. ``A próxima administração não terá dinheiro para investir e vai ter de usar a receita para pagar dívidas", diz ele.

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Sobre o governo Maluf às págs. de 2 a 6

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