São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
`Quem pára no PS está ferrado' Caixa na parede com ficha do doente `internado' no corredor LUIS HENRIQUE AMARAL
Nas mãos, ele levava o raio X de sua mulher, Élida, 30, que acabara de vomitar sangue sentada em um banco de espera. ``Quem pára aqui está ferrado", dizia. Venturini havia estado com a mulher no pronto-socorro no dia anterior. Esperou quatro horas para ser atendido e foi dispensado. ``A médica disse que a Élida estava com um resfriado forte." Durante a noite, a mulher piorou e ele voltou com ela, de manhã, para o Mandaqui. Ela foi submetida a exames e aguardava o resultado deitada no banco. O motorista diz que foi maltratado pelos médicos. ``Eu disse a um deles que não era gripe o que ela tinha e ele perguntou quem de nós dois estudou medicina." Para Venturini, o atendimento público é ``terrível". Ele lembra que há cinco anos foi internado no mesmo local após um dos seus testículos começar a inchar depois de ser acertado por uma bolada. ``Depois de onze dias, eu pedi para ir para um hospital privado. Ali, os médicos disseram que se eu fosse tratado não seria necessária a extração, mas que naquela hora não havia mais jeito", diz. O eletricista aposentado Pedro Leôncio Sant'Ana, 66, também reclamava do atendimento do pronto-socorro na tarde de quinta-feira. ``Entrei aqui às 8h e só fui atendido às 17h", disse ele, deitado em uma maca no corredor. O PS do Mandaqui institucionalizou o corredor como enfermaria. Caixas para colocar os exames e raios X dos pacientes foram presas às paredes, ao lado das macas. Durante a visita, a reportagem da Folha presenciou algumas consultas. Elas duravam, em média, dois minutos.(LHA) Texto Anterior: `Aumentar salário não basta', diz secretário Próximo Texto: Pirituba recebe verba à espera do "plano de saúde do pobre" Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |