São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
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Política do governo não é sadomasoquista, diz Serra

VALDO CRUZ; MARTA SALOMON

Da Sucursal de Brasília; Secretário de Redação da Sucursal de Brasília
O ministro do Planejamento, José Serra, 53, avisa: a política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso não é ``sadomasoquista", ao rebater o diagnóstico de empresários de que os juros altos vão quebrar a economia brasileira.
Para o ministro, ``é um absurdo" a afirmação de que o governo exagerou na dose do aperto. Ele explica as altas taxas como consequência do excessivo crescimento do crédito e da economia. ``Esse crescimento não é sustentável e bate em curvas inflacionárias."
Em entrevista à Folha, Serra afirma que o pedido de demissão de Pérsio Arida do Banco Central não afeta em nada a política traçada pelo governo de redução ``gradual" dos juros. ``Não haverá nada brusco."
Serra admite que para reduzir a inflação de 30% para 10% ao ano o governo enfrentará dificuldades. ``É natural que haja desajustes, porque a política econômica não é um chá de senhoras, um chá japonês, tudo arrumadinho, delicado."
O ministro diz que a recessão não está nos planos do governo. E explica: ``A economia não é um altar de sacrifício." Alerta, porém, que o combate à inflação não será uma festa. ``A economia não é uma discoteca."
O ministro do Planejamento deu a entender que a saída de Arida não enfraquece a corrente do governo que aposta na desindexação dos salários a partir de julho, quando será extinto o IPC-r (Índice de Preço ao Consumidor em real) como índice de correção salarial -da qual o próprio Serra faz parte.
Ao defender a livre negociação dos salários, Serra ironizou sindicalistas e políticos de esquerda. Segundo ele, a esquerda tomou como bandeira uma regra que nasceu no regime militar: reajuste de salários por lei.
Serra atesta que o comando da política econômica no governo FHC não é um jogo de times adversários.
Mas reconhece que ele e o ministro Pedro Malan (Fazenda) deram um ``chute" quando atribuíram à greve dos petroleiros o déficit em maio da balança comercial (importações superiores a exportações).
Serra diz que o governo está preocupado em elevar a taxa de investimento no país. ``Sem uma taxa de investimento acima de 10%, você não vai conseguir um ritmo de crescimento sustentado sem pressões inflacionárias."
O ministro do Planejamento recebeu a reportagem da Folha em seu gabinete, na sexta-feira, para a seguinte entrevista:

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