São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
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Roubo de carro cai e não barateia seguro

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

Os roubos e acidentes com carros reduziram-se desde o início do 95, mas isso não se refletiu em queda nos preços (prêmios) dos seguros, que subiram muito em 94.
Matias Antonio Romano de Avila, diretor da AGF Brasil Seguros, uma das dez maiores seguradoras brasileiras, diz que os prêmios (o que as pessoas pagam) dos seguros não caíram porque houve aumento nos preços de autopeças e na mão-de-obra das oficinas.
Ele diz que há uma tendência de aumento de roubo em carros com valor mais elevado. Os valores pagos por roubos saíram de uma média de US$ 12 mil (R$ 10,8 mil) ao final de 94 para US$ 13 mil (R$ 11,7 mil) atuais.
Avila diz que a campanha da Fenaseg (Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização) contra os roubos de carros e a ênfase dos novos governos estaduais em atuação maior da polícia estão produzindo resultados positivos. Os roubos caíram de 1,9% do total segurado ao final do ano passado para 1,2% em maio.
Os roubos e acidentes caíram nos primeiros cinco meses de 1995 de 15% do total segurado ao final do ano passado para 13% em maio, segundo a AGF Brasil Seguros, que possui uma frota segurada de 90 mil veículos.
Nelson Higino, vice-presidente do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), diz que desde o início do Plano Real houve aumento médio nos preços das autopeças de 20%, ficando abaixo da inflação de 33% no período. Neste ano, a elevação nos preços das autopeças foi de 11%.
Segundo Higino, o aumento nos preços das autopeças reflete a elevação nos preços da matéria-prima e dos salários. Está havendo também dificuldade de repassar os custos para os preços. Higino observa que houve uma queda de 30% nas vendas de autopeças em maio em relação a março de 95.
O presidente da Fenaseg, João Elisio Ferraz de Campos, diz que os preços nos seguros de automóveis continuam altos porque, apesar da queda, o índice de roubos ainda é elevado. No passado, a principal preocupação das seguradoras era com o pagamento de acidentes (``batidas"), mas desde 94 a preocupação com os roubos cresceu.
Orlando Aranha, gerente de produtos da Real Seguradora, lembra que os dados da polícia demonstram queda nos roubos no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Mas os números ainda não indicam uma tendência consolidada de diminuição nos roubos, afirma.
Para conhecer com detalhes a formação dos preços de consertos dos automóveis, seguradoras estão investindo US$ 1 milhão na criação de uma oficina que servirá de modelo. Participam do projeto as seguintes seguradoras: AGF; Bamerindus; Bradesco; Itaú; Nacional; Real; Sul América e Vera Cruz.

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