São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
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A difícil paz cambial

LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS

A demissão de Pérsio Arida foi o segundo evento a perturbar a paz do mercado de câmbio, que persistia por mais de 30 dias. O primeiro foi a divulgação há alguns dias de uma previsão de quase US$ 1 bilhão de déficit, para o resultado da balança comercial em maio.
Os números da balança comercial podem ser medidos de duas maneiras. A primeira, feita na chamada ``boca do caixa", leva em conta os fluxos de venda e compra de dólares pelos exportadores e importadores via bancos.
Estes valores podem ser acompanhados diariamente pelo sistema Sisbacen, operado pelos computadores do Banco Central. Eles andam mais de 30 dias à frente dos números físicos de importação e exportação medidos nos portos via embarques e desembarques.
Os valores financeiros são importantes porque é a partir deles que se forma a reserva externa do país. Os números físicos mostram a situação real de nosso comércio exterior.
É quase uma ciência utilizar-se os fechamentos do Sisbacen para projetar os números físicos do comércio exterior.
E, às vezes, acontecem armadilhas, como a de maio com as importações de automóveis retidos nos portos por conta de uma disputa jurídica. Mas vamos ver primeiro os números financeiros nos últimos meses.
A entrada de dólares no país em maio atingiu mais de US$ 4 bilhões, quase 15% de nossas reservas, que deviam andar por volta de US$ 28 bilhões. US$ 1,5 bilhões vieram da diferença entre a entrada de US$ 5 bilhões via exportações e a saída de US$ 3,6 bilhões via importações. Foi o maior saldo dos primeiros cinco meses de 95.
O movimento de capitais, realizado no chamado mercado comercial e com registro no Firce do Banco Central, gerou neste mesmo período um superávit de mais de US$ 900 milhões, o primeiro saldo positivo em 1995. De janeiro a abril o país havia perdido mais de US$ 6,6 bilhões via fuga de capitais.
Finalmente, no chamado mercado de dólar flutuante, houve uma entrada líquida de mais de US$ 1,5 bilhão, segundo estimativa do mercado.
Na próxima semana vamos discutir o saldo físico e os carros retidos nos portos.

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