São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
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O que pode mudar na correção dos salários

O governo está estudando alternativas de política salarial, dentro de um plano mais amplo de desindexação que fortaleça a estabilização da economia a partir do segundo ano do Real.
Desindexação significa evitar que preços, salários e contratos tenham reajustes automáticos pela inflação passada, porque isto realimenta o processo de alta.
No caso dos salários, a política atual termina no mês que vem. Julho será a última data-base a receber de forma automática o IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor em real).
A data-base de junho receberá o IPC-r de 32,88% e a de julho, que não recebeu nada deste índice no ano passado, ficará com cerca de 35%.
Há quem defenda no governo a livre negociação pura e simples, a partir do fim desta política salarial.
Acontece que a primeira data-base que ficaria sem o IPC-r automático, a de agosto, recebeu no ano passado a inflação de um único mês (6,08%).
De agosto de 94 a julho de 95 o IPC-r poderá ter acumulado, ainda, cerca de 30%, taxa de inflação nada desprezível, embora anual.
Uma idéia em discussão no governo é manter a reposição automática pelo IPC-r acumulado da última data-base após o Real até junho de 95. A partir daí nada seria garantido, mas livremente negociado.
Assim, a data-base de agosto teria automaticamente o IPC-r de agosto de 94 a junho de 95. Não haveria garantia para o IPC-r de julho de 95. A de setembro receberia o IPC-r deste mês de 94 a junho de 95 e o que sobrar em julho e agosto seria negociado, além de aumento por produtividade etc. E assim por diante.
Reajustes mensais automáticos, como propõem parlamentares da oposição, seriam incompatíveis com o plano de estabilização. As perdas com a inflação hoje são desprezíveis se comparadas com as anteriores ao Real. Inflação de 30% ocorria em apenas 20 dias. Hoje é o patamar de um ano.

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