São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
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Esoterismo ronda o processo de seleção

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Não estranhe se, na hora da entrevista para aquele cobiçado emprego, o selecionador sacar algumas cartas de tarô ou sutilmente pedir para ler a sua mão.
Seu destino profissional também pode estar num mapa astral. Ou na numerologia. Isso porque algumas empresas adotam técnicas esotéricas no processo de seleção.
As ciências ocultas, em geral, são feitas às escondidas. A maioria das empresas teria medo de ser ridicularizada por aquelas que condenam esses métodos.
Mas há quem assuma. ``Para admitir alguém na minha empresa eu procuro saber se a pessoa bate com o meu santo", revela Rosmary Santos, 47, dona da Novo Tempo Turismo e Eventos.
Ela ``jura" que algumas empresas utilizam numerologia na seleção de pessoal. ``E os candidatos-chave são encaminhados para fazer seu mapa astral."
Maria Valéria Damas, 35, é numeróloga, mas está afastada da prática em função de doutorado na Universidade de São Paulo. Sem citar nomes, ela conta que já fez alguns estudos de nomes de candidatos para empresas.
Quando ia atendê-las, às pessoas que não sabiam sobre seu trabalho de numeróloga ela era apresentada como psicóloga.
Por fidelidade, os esotéricos não revelam os nomes de seus clientes. Segundo a Folha apurou, as ciências ocultas são mais usadas por pequenas empresas -o que não impede que grandes empresários visitem periodicamente suas tarólogas de confiança.
A experiência de 18 anos na área de recursos humanos não diminuiu a crença de Márcia Brito, 39, consultora de recrutamento e seleção, no mapa astral, que ela elabora para microempresas.
Quem tiver a má sorte de ser recusado em razão de seu mapa astral tem outras alternativas, como a tarologia ou o ``I Ching" (veja técnicas nesta página).
Essas duas técnicas são as mais procuradas por empresários. Quem afirma é Marta Camila, 37, quiróloga, taróloga, numeróloga e leitora do ``I Ching", que trabalha com esoterismo há 13 anos.
Também sem citar nomes, diz que seus clientes sabem discernir sobre como agir a partir dos resultados. ``São eles que vão decidir. Pode ser, lógico, que o resultado influa no dia-a-dia das pessoas que trabalham na empresa", conclui.

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