São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
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Escândalo abala credibilidade

ANDRÉ FONTENELLE
DE PARIS

Um escândalo interno da política belga, envolvendo o secretário-geral da Otan, Willy Claes, contribuiu para abalar a credibilidade da aliança.
Em dezembro de 1988, o governo belga comprou 46 helicópteros militares da empresa italiana Agusta, que teria pago propinas para obter o contrato.
Em julho de 1991, o assassinato, em Liège, de André Cools, ex-vice-premiê socialista, levou à descoberta do escândalo.
Ao buscar o assassino de Cools (até hoje desaparecido), a polícia descobriu a fraude no contrato da Agusta, que beneficiaria o Partido Socialista belga.
Claes era o ministro da Economia da Bélgica na época e participou da negociação do contrato. Ele teria sido informado sobre o pagamento de propinas.
Em fevereiro, os 16 países membros da Otan reiteraram sua ``confiança" em Claes. A organização procurou minimizar o caso. Mas, desde então, a investigação se aproxima cada vez mais dele.
``Como confiar em um homem que foi pego travestindo a realidade?", perguntou o jornal "La Libre Belgique. "No momento em que a organização atravessa uma verdadeira zona de turbulência, pode se dar ao luxo de ter à frente um homem tão fragilizado?, indagou o francês ``Le Monde".
Claes assumiu o cargo em setembro de 1994, substituindo o alemão Manfred Wõrner, que morrera no mês anterior. Mas, desde fevereiro, quando o caso Agusta estourou, fala-se na possível renúncia do secretário-geral.
Outra possibilidade `` oferecida" a ele foi uma licença até o final do processo. Claes recusou essa solução, considerando-a uma ``confissão de culpa".
No último dia 12, o secretário-geral da Otan prestou depoimento no tribunal de Bruxelas -uma humilhação para a organização que preside, sediada na mesma cidade. Em abril, Claes já tivera sua casa particular e sua residência oficial vasculhadas pelos policiais. (AFt)

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