São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995
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Lista dos produtivos; Saco de milho; Privatizações; Boff e a CNBB; Arida desempregado; Herdeiro; Paulistão; Justiça

Lista dos produtivos
``A publicação da lista de docentes mais produtivos de universidades brasileiras é iniciativa louvável. Todavia, a enquete relatada, tecnicamente apropriada, apenas levou em conta um parâmetro, ou seja, citações dos autores em periódicos tidos como respeitáveis. Assim, a execução de imprescindíveis tarefas administrativas, extensão de serviços à comunidade, trabalho médico-assistencial, divulgação científica e atuação didática, que fazem parte de desígnios universitários, não mereceram considerações, de maneira a poder suceder desestímulo frente às pessoas que têm vínculo com tais atividades, sem dúvida não desprezíveis. Apenas complementando, lembro que certos profissionais, sabedores do peso das referidas citações, articulam sistemas promocionais com alguns de seus pares, em torno de textos às vezes puramente academicistas, sem real influência quanto à obtenção de avanços."
Vicente Amato Neto (São Paulo, SP)

Saco de milho
```Sanduíche no McDonald's vale um saco de milho'. Parabéns a Roberto Rodrigues pelo artigo em que exemplifica ao cidadão urbano os preços recebidos pelos produtores rurais e os preços pagos pelos consumidores. É doloroso ver seu produto sair pela porteira com o preço abaixo do custo e, nas prateleiras dos comércios, constatar a abusiva majoração."
Marcos Martins Rodovalho (Goiatuba, GO)

Privatizações
``Foi com grande satisfação que li o artigo de Janio de Freitas na Folha de 28/5, `Engodos privados'. São um verdadeiro ponto de luz na escuridão as considerações tecidas por Janio. De repente o tema privatizações tornou-se uníssono no governo, na maioria da grande imprensa e entre os círculos empresariais, esquecendo-se todo mundo que as coisas não são boas por si mesmas. As coisas são boas se feitas bem, e isso vale até mesmo para a manutenção de algumas empresas em poder do Estado. O que vem ocorrendo é uma consentida administração ineficiente na maior parte delas, para com isso depreciá-las e servir de mote à sua privatização, perdendo com isso a nação, já que ineficientes são vendidas por menos daquilo que valem. Uma vez privatizada, estancam-se os males propositalmente causados, a empresa vira lucrativa, e a bandeira da eficiência do setor privado é hasteada a toda altura."
Luiz Carlos Vasco (Rio de Janeiro, RJ)

Boff e a CNBB
``Com a arrogância que o caracteriza, Leonardo Boff, ex-franciscano, faz, na edição do dia 25/5, declarações infelizes e injustas contra a pessoa do novo presidente da CNBB, cardeal dom Lucas Moreira Neves. O Vaticano de modo algum interferiu em sua eleição. Nós, a maioria moderada e até agora silenciosa do episcopado, é que o fizemos presidente, levando em conta o seu passado e os seus méritos, reconhecidos no Brasil e no exterior. Em 1970, encontrava-me, como jornalista, a serviço da Arquidiocese de São Paulo. Estou a par de pormenores relativos à prisão dos dominicanos. Como bispo auxiliar, dom Lucas visitou e confortou os seus co-irmãos de hábito. À frente do semanário ``O São Paulo", fui o primeiro a, em público, esboçar a defesa dos dominicanos presos, dizendo que nenhum dos dominicanos presos tinha responsabilidade em ações de terrorismo. Tudo o mais que o sr. Leonardo Boff ou outros vêm insinuando é fruto de desinformação ou má-fé."
Dom Amaury Castanho, bispo coadjutor de Jundiaí (Itu, SP)

Arida desempregado
``É obscena a proposta do deputado José Aníbal, líder do PSDB, de o governo continuar a pagar o salário do sr. Pérsio Arida por mais dois anos (Folha, 2/6). Ninguém minimamente informado neste país acredita que o sr. Pérsio Arida irá engrossar as filas de desempregados. O próprio FHC afirmou que Arida, ao aceitar ser presidente do Banco Central, trocou um salário de US$ 1 milhão ao ano por um salário mensal de R$ 6 mil. Diante disso, nos convencemos de que o deputado quer instituir mais uma sinecura custeada com o dinheiro público."
José Carlos da Costa (São Paulo, SP)

Herdeiro
``Finalmente descobri o significado da sigla FHC: Fernando Herdeiro de Collor. Que vergonha, Brasil. Agora só falta voltar aos tempos do `aquilo roxo'."
Luiz Antonio de Vasconcellos Barbosa (Santos, SP)

Paulistão
``O modelo do Paulistão 95 só serve aos interesses políticos da federação. Depois de quase 500 jogos de classificação, a maioria com estádios vazios, reunindo 32 clubes, a maioria sem condições técnicas de estar na primeira divisão, chegamos à fase final com aqueles clubes que todos já conheciam e dois coadjuvantes. O pior é que os melhores jogadores estão servindo à seleção na Copa América. Tudo isso é uma vergonha. Até quando vamos ter que aguentar os piores dirigentes de futebol do mundo?"
Fernando de Sampaio Barros (São Paulo, SP)

Justiça
``O artigo do juiz-auditor Getúlio Corrêa sob a epígrafe `As falácias contra a Justiça Militar', publicado nesta Folha (14/5), não tem, a meu ver, outro conteúdo que não seja o da defesa de um corporativismo que busca fundamento no vazio de uma argumentação que não quer discutir a realidade concreta. Em primeiro lugar, o referido juiz-auditor, de Santa Catarina, talvez ignore que no dia em que o debate foi feito, sobre a questão do deslocamento da competência da Justiça Militar para a Justiça comum nos crimes cometidos por milicianos nas atividades de policiamento, encontrava-me em Brasília, presente aos trabalhos do Parlamento. Ausências nos trabalhos das comissões e no plenário somente são admitidas para tratamento de saúde ou na hipótese de estar o parlamentar representando oficialmente a instituição. Ademais, tenho debatido o tema em Brasília, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Goiás, Ceará, Amazonas etc., não só com a sociedade civil, como, especialmente, com membros das cúpulas das PMs e de seus tribunais e auditorias, de sorte que a assertiva, infantil, de fuga ao debate não tem o menor cabimento. Aliás, o sr. Corrêa deveria saber como se compõem o TJM (Tribunal de Justiça Militar) da PM de São Paulo e suas auditorias e, sobretudo, os resultados desastrosos de seu desempenho. Mais não cabe, neste breve comentário, pois se trata não de ser contra ou a favor, mas de se tentar recolocar as coisas nos seus lugares: numa democracia a Justiça deve ser igual para todos, não se admitindo tribunais de exceção. É o que muitos querem e poucos não admitem, para manter privilégios. Nada mais do que isso."
Hélio Bicudo, deputado federal pelo PT-SP (São Paulo, SP)

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