São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995 |
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HELOISA HELVECIA Custou, mas conseguiu. A cineasta Jussara Queiróz, 37, lança mês que vem seu primeiro longa-metragem, "A Árvore de Marcação".Um milagre: o filme só foi finalizado com o apoio da principal rede de TV alemã, a ZDF. Que o exibirá ano que vem, no horário nobre. Baseado em história real tirada do livro "Crianças em Ação", do padre Reginaldo Velozo, o filme ficou parado por quatro anos, durante a crise do cinema brasileiro. Começou a ser rodado em 1987, em Marcação, Paraíba. Foi naquele microvilarejo da zona canavieira, onde crianças trabalham desde os 5 anos no mangue e nos canaviais, que uma freira apareceu um dia e virou líder. O filme de Queiróz narra a luta da freira e das crianças para usar, sem pagar, a água do chafariz público. Apesar do tema -miséria e poder-, não é panfleto. No elenco, "todo nordestino", como frisa a diretora, brilha a paraibana Marcela Cartaxo, revelada em "A Hora da Estrela" (de Susana Amaral, baseado em Clarice Lispector). Ano passado, a comédia política de Queiróz virou notícia fora do Brasil. Ela, que prefere "circuitos alternativos", foi a platéias como a formada por cem estudantes da Universidade de Cinema da Califórnia. Sucesso. Depois da sessão, fizeram as inevitáveis perguntas sobre a questão da infância no Brasil. Mas se impressionaram também com o efeito plástico nas cenas de mangue. Queriam o truque: "Ora, não tem nada de Spielberg. Peguei uma canoa, uma câmera e fui filmar no mangue", diz a potiguar de Jucurutu, cidade que, na sua infância, tinha um só cinema. Queiróz, formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense, começou captando imagens em super-8. Passou por produção e montagem. Trabalhou em TV, fez programas educativos, "ralou" até chegar a direção e roteiro. Fã de uma lista heterogênea de gênios que vai de Glauber Rocha a Quentin Tarantino, ela acha, sim, que "cinema é instrumento de reflexão". Seu público-alvo: o nordestino. H.H. FICHA Estréia: dia 4 de julho, no Centro Cultural São Paulo, r. Vergueiro, 1.000, Paraíso, zona sul. Texto Anterior: vestindo a camisa Próximo Texto: (o)caso da namoradinha Índice |
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