| São Paulo, domingo, 4 de junho de 1995 |
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Petronio!
ZECA CAMARGO lhássemos juntos não ficaríamos juntos, então não teve jeito.Você namoraria outro bailarino? Absolutamente não. Michael e eu não estamos juntos há pelo menos dois anos e eu sou um solteiro feliz. Não estou procurando amor. Para se concentrar só na dança? É, mas tem a ver com o fato de eu não ter achado ninguém que eu quisesse passar mais do que uma noite. Falta de sorte? Subconsciente. Você não quer achar essa pessoa? Detesto afirmar isso com tanta força, porque de repente encontro alguém na esquina com quem queira ficar. Mas agora estou feliz de estar envolvido só com trabalho. Você está com que idade? 39 anos. E tenho uma filha de 6. Ela mora com você? Não, com a mãe. Mas eu a vejo sempre. Ela dança e vai a shows meus. Sua mãe, Susan Klein, também é uma ótima bailarina. Alguns dos melhores bailarinos de Nova York passaram por seu estúdio -ela já ensinou Trisha Brown, Twyla Tharp, eu. E nossa filha circula nesse meio. Ela é uma ``criança das artes". E se ela quiser ser uma bailarina? Que Deus a abençoe. Não é uma profissão que os pais não recomendariam para os filhos? Mas quem ouve os pais hoje em dia? Eu gostaria que ela estimulasse muito sua criatividade. Um estímulo que você não teve? Não mesmo. Na minha infância, se eu fizesse algo diferente, já me mandavam calar a boca e andar na linha. Uma criança estimulada para ser criativa vira um adulto criativo? Não sei. Eu sempre me senti meio deslocado, meio estranho. Acho que, de alguma forma, eu já sabia que era gay. Mas não era só a questão do sexo. Era tudo, era querer saber sobre as artes, idéias e livros. Me lembro que a leitura era meu refúgio. Daí eu comecei a dançar logo que eu saí de casa. Acho que eu só estava esperando isso acontecer. Texto Anterior: Petronio! Próximo Texto: namoro sem TV Índice |
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