São Paulo, segunda-feira, 5 de junho de 1995 |
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Governo vai confirmar parte das demissões
CARI RODRIGUES
Para o governo, reintegrar todos os demitidos seria como um prêmio aos grevistas, avaliam os responsáveis do governo pela estratégia de negociação, conforme apurou a Folha. Amanhã, a direção da FUP (Federação Única dos Petroleiros) inicia as negociações com a Petrobrás, no Rio de Janeiro. Um dos pontos mais importantes da pauta, para a categoria, é a readmissão dos demitidos durante a greve. Os petroleiros, que encerraram a greve de 30 dias na última sexta-feira, começam hoje um levantamento de todos os equipamentos das refinarias danificados durante a paralisação. O objetivo da FUP é juntar provas para responsabilizar o governo e a Petrobrás por danificação ao patrimônio público. Ao utilizar pessoas não qualificadas para substituir os grevistas, o governo provocou acidentes como o incêndio no forno da Replan (Refinaria de Paulínia), disse ontem à Folha o coordenador da FUP, Antônio Carlos Spis. Guerra de números O governo e a FUP não se entendem com relação ao número de grevistas demitidos. O governo fala em 104 demissões, a partir do dia 10 de maio. A coordenação dos petroleiros diz que são 71 demitidos -12 da greve do ano passado e 59 feitas em maio. Segundo Spis, a FUP não recebeu a lista das últimas demissões e conheceu os nomes através da imprensa. ``As demissões foram uma estratégia do governo para intimidar a categoria. Oito delas foram anunciadas e suspensas no dia seguinte", disse ele à Folha. Dentro do número de demitidos contabilizados pelo governo, conforme Spis, estão incluídas ameaças de demissões que acabaram não se concretizando. Como exemplo, ele citou as cartas enviadas a 26 funcionários de uma refinaria em São Paulo. ``As comunicações diziam que se os trabalhadores não voltassem ao trabalho estariam demitidos, mas ninguém assinou nenhum documento", afirmou. A FUP não reconhece as 104 demissões anunciadas pelo governo e na quarta-feira se realizam assembléias gerais nos 21 sindicatos ligados à entidade. Este será o momento para medir a vontade do governo em negociar as reivindicações da categoria, reintegrar os demitidos e fazer o pagamento dos dias parados, segundo Spis. Os petroleiros encerraram a paralisação na sexta-feira -menos os trabalhadores de Cubatão que voltaram ao trabalho no sábado-, mas estão em estado de greve. Estado de greve significa que eles podem retomar o movimento a qualquer momento. O governo não admite o pagamento dos dias parados. As alternativas para compensar os dias não trabalhados são as horas-extras e o parcelamento do desconto dos dias em greve. A Petrobrás, segundo apurou a Folha, terá autonomia do Ministério das Minas e Energia para negociar individualmente com cada funcionário como será feito o desconto e a compensação dos dias parados. Durante as próximas semanas, a direção da FUP vai se dividir entre Rio de Janeiro e Brasília. Os petroleiros pretendem estar no Congresso para acompanhar a votação da emenda que quebra o monopólio do petróleo. Está prevista a vinda a Brasília de um grupo com mais de cem petroleiros para conversar com os parlamentares. Também será feito um mapeamento dos congressistas que votaram ``contra o patrimônio público", segundo Spis, e as informações divulgadas em suas bases eleitorais. Texto Anterior: Secretaria monta ação preventiva Próximo Texto: Spis critica ação do PT durante a greve Índice |
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