São Paulo, segunda-feira, 5 de junho de 1995
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CPI investiga ação de policiais em quadrilhas

Há 'colaboração efetiva' de PMs nos crimes, diz deputado

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI; ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), da Assembléia Legislativa de São Paulo, começa amanhã a investigar a presença de policiais civis e militares nas quadrilhas de roubo de cargas.
``Há colaboração efetiva do aparelho policial nesses crimes. Todos se comunicam com telefones celulares", diz o deputado estadual Elói Pietá (PT-SP).
As investigações a serem tocadas a partir dessa semana, num esforço conjunto da CPI com o promotor Camilo Pileggi, são as seguintes:
. Checar quais policiais militares estariam ainda roubando cargas, sob o comando do capitão Oscar André Câmara, ex-comandante do Batalhão de Aparecida do Norte da PM paulista. Ele foi preso em flagrante no início do ano.
. Apurar quais policiais civis ajudam o delegado Marcos Vinícius Linhares (foragido) a roubar cargas na rodovia Fernão Dias.
. Investigar o que sobrou da quadrilha do delegado Nelson Precioso, condenado a 17 anos de prisão sob acusação de homicídio e formação de quadrilhas de cargas em Cotia (SP).
. Levantar, em todos os presídios de São Paulo, as saídas dos policiais condenados durante os períodos diurnos. ``O melhor álibi tem sido sair da cadeia de dia e voltar à noite, depois de ter praticado roubo de cargas", diz Pietá.
Essa semana o Conselho de Polícia Civil analisa um projeto elaborado pelo delegado Guilherme Santana Silva, que prevê a criação de um esquadrão destinado a combater o roubo de carga organizado.
``Um dos maiores ladrões de cargas do país virou quase industrial, e está foragido no Paraná. Criou uma indústria quase imbatível", diz Santana Silva.
As preferências desses ladrões foram as seguintes, nos roubos ocorridos em 1994: material têxtil (16% dos roubos), alimentos (11%), produtos eletro-eletrônicos (10%), medicamentos (7%) e produtos variados (7%).
Operação rápida
O assessor de segurança da Federação das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo, o coronel aposentado do Exército Gilson Campos Filho, diz que o roubo de carga é uma operação rápida e de baixo risco para o assaltante.
Os motoristas viajam desarmados, não oferecem resistência e em três horas são liberados.
Segundo o coronel Gilson, na maioria dos 975 casos registrados em São Paulo em 94, os caminhões rodaram menos de quatro quilômetros com os assaltantes.
``Isso comprova que os receptadores têm depósitos espalhados em vários bairros da capital e na Grande São Paulo", afirma Gilson.
(CJT e EL)

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