São Paulo, segunda-feira, 5 de junho de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Número de mortos chega a 47 em Salvador

LUIZ FRANCISCO; TEREZA RANGEL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Mais cinco corpos foram encontrados ontem pelos bombeiros no bairro Cajazeiras 6 (periferia de Salvador), elevando para 13 o número de mortes em consequência de um deslizamento de terra na noite da última quinta-feira.
Com essas cinco vítimas, já chega a 47 o número de mortos em consequência de diferentes deslizamentos e do rompimento de um dique provocados por chuvas em uma semana em Salvador.
Segundo os bombeiros e moradores, cerca de 15 corpos ainda estão entre os escombros no bairro Cajazeiras 6.
Pelo segundo dia consecutivo o sol apareceu ontem em Salvador, facilitando os trabalhos de remoção dos corpos.
Anteontem à noite mais três deslizamentos de terra foram registrados pela Codesal (Coordenadoria de Defesa Civil de Salvador). Não houve vítimas.
Em São Gonçalo do Retiro, os bombeiros continuam trabalhando na remoção dos corpos.
Na última terça-feira, um deslizamento soterrou entre 30 e 40 casas da rua Rio Branco, provocando a morte de pelo menos 30 pessoas. Outras dez estão desaparecidas, segundo os moradores.
Ontem, às 17h, os técnicos da Defesa Civil informaram que mais um corpo teria sido retirado dos escombros. O Corpo de Bombeiros não confirmou a informação.
História
O diretor do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia, Délio Pinheiro, defende a criação de um órgão governamental para cuidar apenas de questões relativas a encostas e riscos de deslizamento.
``Fundada em 1549, Salvador já registrava, em 1551, o primeiro deslizamento de terra no que é hoje a praça Castro Alves. Em 1721, casas ruíram nas ladeiras da Preguiça e Conceição da Praia. Em 1813, depois de 34 pessoas morrerem soterradas, cogitou-se, inclusive, transferir a cidade para a península de Itapajipe (área sem encosta)".
``Isso não é tarefa para só um governo. São quatro séculos de déficit acumulado de providências. E não vão adiantar obras pontuais de contenção de encostas. É preciso um trabalho de longo prazo", acrescenta Pinheiro.

Texto Anterior: CPI investiga ação de policiais em quadrilhas
Próximo Texto: Cidade tem 30 bairros ameaçados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.