São Paulo, segunda-feira, 5 de junho de 1995 |
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Não há máfia, diz receptador
CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
Ele concedeu uma entrevista exclusiva à Folha, em sua cela no complexo penitenciário chamado ``Cadeião de Pinheiros" (zona oeste de São Paulo). Na entrevista ele fala do envolvimento de policiais com o crime: Folha - Você é o maior ladrão de cargas de São Paulo? Ciro Ferreira - Não. Só atravessei algumas mercadorias. Dizem por aí que eu tenho muito envolvimento com policiais. Hoje eu só agencio automóveis, tenho uma agência. Olha, eu não compro carga roubada porque para isso é preciso muito dinheiro, um dinheiro que não tenho. Sou acusado como o maior pela imprensa e pela a polícia, mas não sou nada... Folha - Explique o que é ``atravessar"... Ciro - É pôr mercadoria no comércio por fora (sem notas). Cheguei a fazer isso no passado, é por isso que vieram atrás de mim. Folha - Há policiais envolvidos nos roubos? Ciro - Olha, não há corrupção só na polícia, há no Estado inteiro, isso é geral no país. Tem todo o tipo de falcatrua. Tem um grande contingente praticando roubo e receptação de carga por aí. Não há esquema de máfia. É um negócio aleatório, uma desorganização, uma roubalheira generalizada. A polícia não conhece os grandes receptadores. Folha - Quem são os policiais envolvidos? Ciro - (pede para desligar o gravador) Olha, o Malaspina, tira que foi preso comigo, entregou para a Corregedoria todos os PMs que roubavam a gente depois que tínhamos sido presos. Sabe o que aconteceu com eles? Nada, nada. (CJT) Texto Anterior: CPI apura ação de policiais Próximo Texto: Comerciante acusa delegado Índice |
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