São Paulo, segunda-feira, 5 de junho de 1995
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Comerciante acusa delegado

ELVIRA LOBATO; CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O comerciante Edison Luiz de Lima, 45, foi ao gabinete do secretário de Segurança Pública de São Paulo, José Afonso da Silva, informar que tem sofrido ameaças de morte.
As ameaças começaram há um ano, quando o comerciante passou a denunciar quadrilhas organizadas de roubo de carga, na região de Cotia (Grande São Paulo).
No dia 3 de março passado, o filho do comerciante, o investigador de polícia Alessandro Luiz Rodrigues, 25, foi morto com um tiro no olho.
O delegado de polícia Nelson Precioso, apontado como o mandante do crime, está preso.
``O delegado encomendou a morte de meu filho por R$ 80 mil. A morte foi encomendada num churrasco, filmado. Foi uma vingança contra minhas denúncias", acusa o comerciante.

Folha - Por que o senhor é ameaçado?
Edison Luiz de Lima - Como presidente do Conselho de Segurança Pública (Conseg), comecei a denunciar as quadrilhas organizadas de Cotia. O crime organizado do roubo de carga era organizado pelo delegado Nelson Precioso. Ele pagou R$ 80 mil para que policiais matassem meu filho.
Folha - Quem compõe essas quadrilhas?
Lima - São políticos, policiais e ex-policiais. As ameaças de morte também são feitas contra o promotor do caso, Valter Maioral.
É inacreditável, mas eu fui denunciar ao secretário de Segurança de São Paulo que as escutas telefônicas feitas no meu aparelho estavam instaladas dentro da companhia telefônica. Ele vai investigar.
Folha - Quem ajudou matar seu filho?
Lima - Foram policiais. Ao lado do meu filho, estava um informante policial há 12 anos, que sabia de tudo e é a única testemunha do crime.
A morte do meu filho foi tramada pelo crime organizado, reunido na cidade de Itapevi. Estou lutando quase que sozinho contra esses criminosos, ligados à polícia. Preciso muito de ajuda.
(CJT e EL)

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