São Paulo, segunda-feira, 5 de junho de 1995
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Com um pé no chão e o outro nos 'aires'

Maradona coloca Santos em xeque
MARCELO FROMER e NANDO REIS

MARCELO FROMER; NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nada mais salutar para a dinâmica do futebol do que o intercâmbio de jogadores, seja em nível nacional ou internacional. Não fosse o surgimento dos japoneses, e estaríamos com quase todos nossos jogadores por aqui. Depois da Copa, perdemos alguns de nossos maiores craques para o Japão. A associação Palmeiras-Parmalat que o diga, depois de não ter conseguido repor com o mesmo vigor o trio que garantia qualidade, segurança e eficiência na defesa, meio-campo e ataque, respectivamente: César Sampaio, Zinho e Evair.
Mas, em contrapartida, readquirimos Romário, tido por muitos como o maior jogador do mundo. A vinda de Romário, em grande parte responsável pelo ressurgimento do Campeonato Carioca, fez com que os outros grandes também se movimentassem. Depois de sua chegada, parecia que nenhuma movimentação maior iria ocorrer. Eis que surge o ministro e uma carta na manga, acenando com a possibilidade de ter Maradona. Para complicar, Edmundo se transfere para o Fla.
Vamos primeiramente nos ater à possível vinda de Maradona. Estamos entre os que torcem por isso. Não dá para não querer que o craque venha exibir seus dotes no Brasil; talvez ele seja o único jogador, de 20 anos para cá, que possa ser comparado a Pelé -por mais que cheguemos à óbvia conclusão de que não chegaria a vassalo do Rei. Vamos, porém, ao outro lado da moeda. Com a eventual chegada de Maradona, a tal política ``pé no chão", apregoada pela diretoria do Santos, estará sendo trocada pela política dos ``pés nos Aires". Se é verdade que o maior salário do clube é de R$ 5.000, como deverão se sentir os que toparam esse empreendimento e vêem agora o argentino chegar para ganhar no mínimo 20 vezes mais que os outros?
A outra contratação que gostaríamos de comentar é a de Edmundo, pelo Flamengo, que, junto a Romário e Sávio, pode reverter a ordem do futebol no país e no mundo. Com o sério Luxemburgo por trás de tudo, talvez a coisa role. Agora, que foi tudo um tanto esquisito, foi. Quem é que já não previa que Edmundo iria acabar ao lado de seu mano Romário, formando os Bad Boys de butique do Rio? Agora, fica na história essa segunda transação milionária do Flamengo em um mesmo ano, sendo que, pouquíssimo tempo atrás, o time estava numa pindaíba dos diabos. Para ficar mais esquisito ainda, como se Zagallo esquecesse de repente que é um ordeiro por excelência, Edmundo é convocado e promovido a titular da canarinho. E quando a CBF está metida no meio, podem crer que coisa fica mais estranha ainda. Como já dizia o narrador carioca: sinistro, muito sinistro.

Mais uma contribuição para mudar as regras do futebol:
``Sugiro que se diminua o número de jogadores para dez, tirando o goleiro. Cairiam em 100% as bolas recuadas e dependeríamos só da pontaria dos jogadores para aumentar os gols por partida". (Oswaldo Rios, Curitiba, PR)

Cartas podem ser enviadas para a editoria de Esporte, al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, São Paulo, SP, CEP 01290-900.

Marcelo Fromer e Nando Reis são músicos e integrantes da banda Titãs

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