São Paulo, segunda-feira, 5 de junho de 1995
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Sangue latino

CIDA SANTOS

Responda rápido: dá para ganhar uma partida errando 38 saques? Nos tempos em que o saque comanda cada vez mais o jogo, o destino do Brasil não poderia ser outro no segundo confronto contra os EUA: uma derrota por 3 sets a 0. Uma atuação exatamente inversa a do primeiro jogo, quando a seleção deu um show e parecia ter reencontrado a alegria de jogar.
Mas tudo bem: o time deixou os Estados Unidos seguindo à risca o plano do técnico José Roberto, ou seja, vencer pelo menos um dos dois jogos para manter as chances de terminar a fase de classificação entre os dois primeiros da chave.
Mas pode se preparar: sexta e sábado, o sangue latino vai ferver. Brasil e Cuba se enfrentam em Havana. Em quadra, muita rivalidade. Tande conta que, na rede, o que não faltam são provocações.
Tudo por conta do tal ``sangue latino". O jogo também promete. Basta lembrar que as duas seleções fizeram o set mais longo da Liga do ano passado: 67 minutos, com vitória do Brasil por 17 a 16.
Coube a Cuba, em 94, o papel de barrar todas as pretensões brasileiras. Nas semifinais da Liga Mundial, os cubanos eliminaram o Brasil por 22 a 20 em um torturante tie-break. Nas quartas-de-final do Mundial da Grécia, a mesma história. Mais um tie-break diante de Cuba e nova derrota por 15 a 12. Dois jogos que não saem da memória dos jogadores brasileiros.
O papel de ser a pedra no meio do caminho do Brasil também não levou Cuba à conquista de títulos. Nestes anos 90, a geração de Joel Despaigne tem se especializado em conquistar medalhas de prata. Na Liga Mundial, por exemplo, nenhum outro time foi tão vice-campeão quanto os cubanos. Nas quatro edições que disputaram, ficaram três vezes com o segundo lugar.
A melhor chance que Cuba teve de chegar ao ouro foi no Mundial de 90. Os EUA, os donos da bola nos anos 80, já não contavam com aquele timão. E a Itália ainda não tinha firmado seu império. Os cubanos chegaram à final como favoritos, mas acabaram perdendo para a ``azzurra". Desde aquele momento, Cuba parece ter traçado seu destino. Nunca mais conseguiu vencer a Itália em uma final.
Nesta Liga, Cuba estreou com duas derrotas para os EUA. Nos dois jogos seguintes contra os norte-americanos, o time acertou o passe com a entrada de Sanchez e venceu. O Brasil vai a Havana em busca de pelo menos uma vitória. Agora é torcer para a seleção voltar a se acertar em quadra.

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