São Paulo, terça-feira, 6 de junho de 1995
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10% dos docentes não são habilitados

ESTANISLAU MARIA; FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um em cada dez professores da rede estadual de ensino de São Paulo, hoje, não é habilitado para a função que está exercendo.
Há dentistas dando aulas de biologia, engenheiros ensinando matemática, estudantes universitários com classes de segundo grau.
Com o gigantismo da rede estadual -que tem ao todo 330 mil trabalhadores, entre professores, especialistas de ensino e funcionários- o número de professores não-habilitados chega a 23.099.
Essa nova característica da rede do Estado de São Paulo está provocando a ira do sindicato dos professores (Apeoesp), que atribui o problema aos baixos salários.
``Não há uma só escola no Estado sem professor não-habilitado", diz o presidente do sindicato, Roberto Felício.
Mas a situação é justificada pela secretária Rose Neubauer -para quem é melhor assim do que sem qualquer professor. ``Eu mesma, quando estudei, aprendi português com um advogado."
E há alguns alunos da rede que até preferem os professores-estudantes (leia textos nesta página).
Além desse problema, as leis hoje em vigor permitem uma grande circulação de professores -que em um mesmo ano chegam a mudar de escola mais de três vezes.
``Um aluno não se alfabetiza desse jeito", diz Neubauer.
Segundo ela, os dois problemas juntos estão atingindo cerca de 30% do quadro docente, ou seja, 70 mil professores.

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