São Paulo, terça-feira, 6 de junho de 1995![]() |
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Filósofo defende ação de câmara setorial
FERNANDO ROSSETTI
A avaliação é do professor de filosofia Glauco Arbix, 45, que defendeu, sexta-feira passada na USP, a tese ``Uma aposta no futuro. Primeiros anos da Câmara Setorial da Indústria Automobilística e a emergência do neocorporatismo no Brasil". A dissertação traça um histórico da câmara, que teve seu primeiro seminário com resultados em março de 1992. A idéia -que começou a se concretizar em dezembro de 1991- era reunir os três setores e discutir, mais do que os interesses específicos de cada um, uma solução global para o setor. Vale lembrar que, com a abertura do mercado para importações feita pelo governo Collor na época, a indústria automobilística brasileira estava em crise -os 133 mil empregos em 1980 haviam caído para 109 mil em 1991. Arbix mostra que, além dessa questão econômica, houve um papel importante das personalidades envolvidas no processo -como o então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, o Vicentinho, e a então secretária Nacional da Economia, Dorothéa Werneck. ``Era inimaginável, na época, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e seu principal sindicato sentarem à mesa com o principal representante do grande capital industrial e com representantes do governo Collor", diz Arbix. ``Essa é a novidade: constituiu-se um organismo tripartite, democrático e aberto à imprensa." O fato é que, no primeiro seminário de 1992, foram feitos acordos, o ritmo de demissões baixou e a produção voltou a aumentar -além de os preços dos veículos brasileiros terem caído, devido a uma diminuição nos impostos cobrados pelo governo. Segundo o pesquisador, ``a câmara acabou beneficiando toda a população e não apenas os interesses de cada setor envolvido". O segundo seminário, em fevereiro de 1993, fechou um acordo ainda mais abrangente que o primeiro -com metas de produção e uma política salarial de três anos, outro feito inédito no país. O segundo seminário elaborou, inclusive, um projeto de lei de importação e exportação, que corre até hoje no Congresso. ``Hoje as câmaras estão sendo cozidas em seu próprio molho", afirma Arbix, para quem o governo atual não está favorecendo o trabalho desses grupos. Para Arbix, ``a economia brasileira exige as câmaras setoriais. Não dá para enfrentar os problemas se não se reunirem os setores envolvidos para resolvê-los. (FR) Texto Anterior: Covas dá aula e recebe R$ 2,40 de manifestante Índice |
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