São Paulo, quarta-feira, 7 de junho de 1995
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Erundina de volta

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Demorou mais de ano. Foi preciso o desastre da greve para Lula reagir aos extremistas. Mas começou a reação. Ontem, Lula falou ao TJ Brasil:
- Greve em serviços essenciais... Lula, você acha correto que uma categoria pare o país? Quando é em transportes...
- Ou na educação, saúde. Boris, eu acredito que nós precisamos discutir algumas greves. Todos concordamos que as greves não têm que ser da mesma forma. Um professor não precisa fazer greve como metalúrgico. Tudo isso está maturando no movimento sindical.
Por fim, o mais espantoso:
- Nós criamos um grupo de trabalho, coordenado pela Luiza Erundina, com o Vicentinho, o Olívio Dutra, para apresentar um projeto de contrato coletivo para o setor público, para estabelecer tranquilidade, tanto aos trabalhadores, quanto ao governo. Tem governo com 12 ou 13 datas-bases num ano. Embora ache a greve um direito universal, eu acho que ela é tão importante que você só pode fazê-la quando não há saída.
Erundina, diminuir greves, a derrota mudou o PT, afinal.
Disputa
O mesmo Lula, segundo a CBN, ``já admite que a greve pode influir na votação da quebra do monopólio do petróleo".
Pode bem ser verdade que os petroleiros entrem para a história como os responsáveis pelo fim do monopólio. Mas não vai ser tanto por uma conscientização dos políticos, e sim por terem providenciado a desculpa de que eles precisavam.
Um peemedebista dizia ontem na Rede Brasil, ``eu tenho recebido diariamente oito ou dez telefonemas de populares, dizendo, `o monopólio tem que acabar, porque está faltando gás aqui em casa'." Oito ou dez populares, claro.
Na Record, o líder Michel Temer foi sincero: ``A greve funcionou como uma espécie de argumento para aqueles que se posicionavam contra." A desculpa foi o que peemedebistas, pefelistas e tucanos pediam para iniciar outra disputa.
``Nessa disputa, o PFL quer manter o título de partido mais fiel ao governo", anunciou a correspondente da Manchete.
Inocêncio Oliveira disse que não tem para ninguém: ``Vamos dar mais uma demonstração de que colocamos os interesses maiores do país acima do interesse de pessoas, de partidos e de empresas."

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