São Paulo, quarta-feira, 7 de junho de 1995
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Sem-terra fazem manifestações pelo país

DA AGÊNCIA FOLHA; DA SUCURSAL DO RIO

Em quatro capitais, sem-terra ocupam sedes do Incra; no PR, superintendente do órgão é retido no prédio
Os agricultores sem-terra organizaram ontem manifestações em vários pontos do país. As ações fizeram parte do ``2º Grito da Terra Brasil", organizado pelo MST (Movimento Sem-Terra).
Em pelo menos quatro capitais, os sem-terra ocuparam os prédios regionais do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Não houve confrontos entre os manifestantes e policiais.
Em Curitiba (PR), aproximadamente 400 trabalhadores sem-terra ocuparam ontem três dos dez andares da sede do Incra.
Roberto Baggio, um dos líderes do MST no Estado, disse que os trabalhadores realizariam uma assembléia para decidir se deixariam o superintendente Dirceu Rodrigues sair do prédio sem que as reivindicações do movimento fossem atendidas. Até as 19h30, a assembléia não tinha começado.
Os sem-terra apresentaram, segundo eles há um mês, uma pauta com 13 reivindicações.
Entre as principais estão a desapropriação de seis fazendas, ocupadas por 1.313 famílias.
Trinta policiais militares ficaram do lado de fora do prédio.
Em Porto Alegre (RS), cerca de 300 agricultores ocuparam ontem a sede do Incra, onde pretendiam passar a noite.
Os agricultores, na maioria acampados de Cruz Alta, reivindicam a liberação de 12 mil hectares, destinados à reforma agrária pelo governo, mas que se encontram ``emperrados" na Justiça.
Em João Pessoa (PB), foram cerca de 60 famílias que invadiram a sede do Incra.
Retiradas da fazenda Massangana, em Santa Rita (12 km a oeste de João Pessoa), elas tinham ocupado parte da fazenda na semana passada.
O superintendente do Incra na Paraíba, Júlio César Ramalho, disse que vai mandar fazer uma vistoria na fazenda para decidir se ela pode ser usada para a reforma agrária.
No Rio, cerca de 300 ativistas do movimento dos trabalhadores sem-terra ocuparam o prédio da superintendência do Incra das 14h às 23h de anteontem.
A manifestação contou com integrantes da Fetag (Federação dos Trabalhadores na Agricultura), do Departamento Rural da CUT , do MST e da CPT (Comissão Pastoral da Terra), da Igreja Católica.
Em Campo Grande (MS), mais de 350 pessoas ligadas ao MST, trabalhadores rurais e índios estão acampados no campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Em Promissão (SP), duzentos trabalhadores rurais, do assentamento da fazenda Reunidas, localizado às margens da BR-153, bloquearam ontem de manhã.
Em Santa Catarina, agricultores interditaram ontem a Ponte Colombo Salles, que liga Florianópolis (SC) ao continente, paralisando o trânsito por duas horas.
Organizada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), a manifestação reuniu cerca de 500 agricultores, segundo organizadores e a Polícia Militar.

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