São Paulo, quarta-feira, 7 de junho de 1995
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Sem-terra fazem protestos em vários Estados

DA AGÊNCIA FOLHA; DA SUCURSAL DO RIO

Em quatro capitais, sem-terra ocupam sedes do Incra; no PR, superintendente do órgão é retido no prédio
Trabalhadores rurais invadiram sedes regionais do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e fazendas, realizaram passeatas e bloquearam rodovias ontem em vários Estados em protesto contra a política agrícola do governo.
As manifestações fazem parte do ato ``2º Grito da Terra Brasil", que começou na segunda-feira e que termina no próximo dia 16.
Várias entidades estão participando das manifestações, entre elas o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra), a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e a CUT (Central Única dos Trabalhadores).
O secretário do MST, Rodrigo Lopes, disse que as entidades reivindicam o assentamento de 12 mil famílias acampadas no país.
As invasões das sedes do Incra aconteceram em Curitiba (PR), João Pessoa (PB), Porto Alegre (RS) e Rio. Não houve confrontos entre manifestantes e policiais.
Em Curitiba, aproximadamente 400 trabalhadores sem-terra ocuparam 3 dos 10 andares da sede do Incra. Por oito horas e meia, eles impediram que superintendente, Dirceu Rodrigues, e seus assessores deixassem o gabinete.
Eles só conseguiram sair do local por volta das 21h, depois que ficou acertado uma rodada de negociações a partir das 8h de hoje.
Os sem-terra ocupavam o prédio até as 22h e pretendiam passar a noite dentro do edifício, quando 30 policiais militares estavam do lado de fora do prédio.
Em Porto Alegre (RS), cerca de 300 agricultores ocuparam a sede do Incra, onde pretendiam passar a noite. Eles reivindicam a liberação de 12 mil hectares, destinados à reforma agrária pelo governo, mas que estariam parados na Justiça.
Em João Pessoa (PB), foram cerca de 60 famílias, retiradas da fazenda Massangana, em Santa Rita (12 km a de João Pessoa), que invadiram a sede do Incra. Elas tinham ocupado parte da fazenda na semana passada.
O superintendente do Incra na Paraíba, Júlio César Ramalho, disse que vai mandar vistoriar a fazenda para decidir se ela pode ser usada para a reforma agrária.
No Rio, cerca de 300 ativistas do movimento dos trabalhadores sem-terra ocuparam o prédio da superintendência do Incra das 14h às 23h de anteontem.
Em Campo Grande (MS), mais de 350 pessoas estão acampadas no campus da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.
Em Santa Catarina, agricultores interditaram por duas horas a Ponte Colombo Salles, que liga Florianópolis (SC) ao continente.
Trabalho escravo
O 1º Seminário Estadual sobre o Trabalho Escravo, promovido pelo Fórum Nacional Contra a Violência no Campo, começa hoje em São Luis (MA). O objetivo é organizar o combate ao trabalho escravo. Um levantamento da CPT (Comissão Pastoral da Terra) mostra que em 1994 havia 25.193 trabalhadores escravos no país.

Colaborou a Sucursal do Rio

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