São Paulo, quarta-feira, 7 de junho de 1995
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Incêndio ameaça reserva em SC

SILVIA QUEVEDO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS

Um incêndio atinge desde a madrugada de segunda uma das maiores reservas de Mata Atlântica de Santa Catarina, o Parque Ecológico Spitzkopf, de Blumenau. O parque tem 5 milhões de m2, o equivalente a pouco mais do que a área de três parques do Ibirapuera, na zona sul de São Paulo.
Até as 15h de ontem, o fogo já havia destruído o pico do Morro do Spitzkopf, situado na parte sul da reserva, que fica a 15 km do centro de Blumenau (cidade situada a 140 km de Florianópolis).
A região queimada corresponde a 20 mil m2 de mata (o equivalente a três campos de futebol), segundo Arlindo Zucco, 51, técnico da Defesa Civil do Município, que trabalha na contenção do fogo.
``É lastimável o que está acontecendo, dá vontade de chorar. É uma tragédia ambiental", disse.
O biólogo e educador ambiental do parque, Hamilton Berkenbrock, 25, disse que o fogo pode ter sido provocado pelo descuido de visitantes, que poderiam ter jogado alguma ponta de cigarro. ``A região toda está seca, faz 90 dias que não chove. A natureza levaria 40 anos para recompor o que queimou."
Até o meio da tarde, eles já haviam cortado cerca de 6 km de mata, fazendo uma espécie de ``caminho" ao redor do morro, que tem 936 metros de altura e fica em área de difícil acesso.
A dificuldade de se chegar ao local atrapalha o trabalho de bombeiros, policiais militares e voluntários, de acordo com o coronel Antônio Barreto, 59, assessor da Defesa Civil de Blumenau.
``Como é impossível levar água, os homens trabalham apenas com foices e pás, enfrentando paredões de 20 metros de altura. Na tentativa de se antecipar ao fogo, eles cortam a vegetação amarrados em cordas", disse.
Conforme Barreto, outro problema é a forma como o fogo tem se alastrado. ``Como a mata é muito densa, as chamas estão formando colchões de onde, quando menos se espera, levantam labaredas de 20, 30, até 50 metros."
Até ontem à tarde, o fogo ainda não havia sido controlado. Barreto disse que o incêndio deverá ainda durar mais ``três ou quatro dias".

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