São Paulo, quarta-feira, 7 de junho de 1995
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Zagallo, ao que parece, está com Deus

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O time de Zagallo, com tino e pertinácia, construiu o placar de 3 a 0 sobre o Japão, lá na Inglaterra. E mais: Roberto Carlos, Juninho e Edmundo, sobretudo no primeiro tempo, ornaram a exibição corretíssima com algumas jogadas de efeito que sugerem as imensas possibilidades desse time.
É bem verdade que os japoneses evoluíram na velocidade de um computador de última geração. São rápidos, incisivos quando de posse da bola e disciplinados na marcação. Mas carecem de inventividade e experiência. Logo, se jogássemos como jogamos, com aplicação e seriedade, de 100 partidas, ganharíamos 101 pelo mesmo placar, no mínimo.
E esse é o maior atributo da seleção de Zagallo, sob o comando em campo de Dunga: atenção e empenho durante os 90 minutos. Não é pouco para um futebol mal-acostumado à lassidão, principalmente quando está ganhando. Além do mais, em relação ao time tetracampeão, esta é uma equipe que cultiva o ataque. Tanto que, do começo ao fim do jogo, postou-se no campo adversário, com Dunga atuando a maior parte do tempo na altura da meia-lua adversária. E é aqui que vamos trombar com o excesso de cuidados do nosso treinador: se é para termos um jogador como Dunga, que, por sinal, jogou muito, sabidamente um guerreiro, por que não recuá-lo a sua verdadeira posição, ocupada ontem por Doriva, enfiando por ali alguém mais fluente nas estocadas em direção ao gol inimigo, tipo Rivaldo ou Giovanni?
Por fim, a entrada de Leonardo no lugar de Juninho deu certo, apesar da contradição: botar um canhoto pela direita é como acender uma vela ao diabo. Mas, pelo visto, Zagallo está com Deus.

Afinal, o Palmeiras contratou um centroavante. Pode não ser um Van Basten ou um Zamorano, esse chileno que deu o título ao medíocre Real Madrid. Mas é inegável que se trata de um goleador esse Nílson, que se apresenta amanhã no Parque Antarctica, de volta da Espanha, onde, pela segunda vez, deu-se mal. Isso, lá, pois aqui Nílson sempre se deu bem. Desde quando surgiu no XV de Jaú, ocupando a meia, função que lhe conferiu técnica suficiente para não ser apenas um matador selvagem e tosco, daqueles que fazem nome enquanto a sorte ajuda.
Depois, rodou mundo, já com a camisa nove: Portuguesa, Corinthians, Santos, Grêmio, Inter, Flamengo, sei lá quantos mais, já que se trata de um desses ciganos que não param por muito tempo em lugar nenhum. Mas, por onde passou, deixou sua marca de artilheiro. Muito bom de cabeça, rápido, suficientemente hábil para vir aqui atrás participar da armação das jogadas, Nílson pertence à escola de Bentinho, no toque de bola, com o espírito andarilho de Cláudio Adão e Dadá Maravilha.
Experiente, chega para resolver o problema criado com a saída de Evair. E, se tiver ainda por cima Muller ao seu lado, como corre por aí, então, aí sim, contribuirá decisivamente para recolocar o Palmeiras na condição de supertime.

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