São Paulo, quarta-feira, 7 de junho de 1995 |
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Celly foi mãe e pai do rock
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
Com ``Estúpido Cupido" e ``Banho de Lua" estourando nas rádios, natural que ela se tornasse nosso Elvis Presley, a um tempo mãe e pai do rock brasileiro. O lançamento ``Celly Campello - Grandes Sucessos" faz em CD a arqueologia dessa época. Os nomes das canções (lamentavelmente sem os créditos de autoria no CD da EMI) definem-se por si: ``Broto Legal", ``Presidente dos Brotos", ``Broto Certinho". Assim caminhou, entre exceções (como os Mutantes), o rock brasileiro, sempre ingênuo, tímido, imitativo dos padrões de fora. Pouco ousados, nossos roqueiros deixaram a outro artista a missão de renovar a música local. João Gilberto era, na verdade, o Elvis Presley brasileiro. Nem por isso os méritos de Celly são menores. Gritando e transbordando fofura, a ``bonequinha que cantava" influenciou um espectro heterogêneo de artistas. Impossível não reconhecê-la em Rita Lee, Wanderléa, Gal Costa e demais tropicalistas, Blitz, Kid Abelha, Pato Fu, Elis Regina (que estreou em vinil com ``Viva a Brotolândia", em 1961). O CD, além de arqueologia, é também diversão garantida, com todos os hits e mais surpresas. ``Índio Sabido", por exemplo, inaugura o indianismo na MPB, com ecos posteriores em Caetano, Rita Lee, Jorge Ben e Xuxa. Mas nada como ``A Lenda da Conchinha". Vale sozinha o preço do CD, com seus vocais delicados e a letra que diz: ``Nas dobrinhas de uma concha/ Nosso amor eu escondia/ A conchinha cor-de-rosa/ Meus segredinhos sabia". Disco: Grandes Sucessos Artista: Celly Campello Quanto: R$ 18, em média Texto Anterior: Coletânea une blues à lisergia Próximo Texto: Disco resgata sonho hippie Índice |
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