São Paulo, quarta-feira, 7 de junho de 1995
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Gasparzinho eletrônico conquista os EUA

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Alguns críticos podem não ter gostado, mas para o público foi um caso de amor à primeira vista. Gasparzinho, o fantasma camarada que a gente cresceu vendo na TV, estreou nos cinemas dos EUA como um vendaval e faturou US$ 22 milhões em dois dias de exibição.
Quem diria, o fantasminha com dificuldade para fazer amigos está crescido e até ensaia um romance com uma adolescente que decide viver na casa mal-assombrada.
Para o pessoal da Industrial Light & Magic (acostumado a inventar nas telas efeitos especiais de fazer cair o queixo) foram dois anos de muito trabalho para dar vida ao Gasparzinho e seus três amigos de traquinagens - Stinkie, Strecht e Fatso.
Mesmo para essa gente, que animou de ``Guerra nas Estrelas" a ``Jurassic Park", foi um desafio transformar o personagem de gibi e TV em um fantasma capaz de balançar coração.
Só uma cena, que dura 90 segundos na tela, levou oito meses para ficar pronta. As imagens geradas por computador que aparecem no filme ocupariam o equivalente a 19 milhões de disquetes, ou 28 trilhões de bytes.
Quem viu ``Jurassic Park" deve estar se perguntando: depois de criar aqueles dinossauros, que se movimentam como bichos de verdade, o que mais poderiam inventar os malucos da Light & Magic?
Pois é só esperar por Gasparzinho. De certa forma, criá-lo foi mais difícil do que resgatar para a vida os animais pré-históricos.
Para os artistas que trabalharam no filme, o fantasminha é o primeiro ``personagem digital" da história do cinema, capaz de demonstrar emoções como um ator de verdade.
Quem acompanha a evolução dos efeitos especiais em Hollywood convida a um exercício para provar que nunca houve nada como Gasparzinho: basta compará-lo a fantasmas de outras gerações, como os que aparecem no filme ``Poltergeist".
Nada dos velhos truques de luz. Cada aparição dos fantasminhas teve que ser ``pintada" digitalmente num computador de última geração, um processo complicado que envolveu a escolha entre centenas de tons e texturas, com o objetivo de encaixar os personagens da forma mais natural possível nas cenas filmadas em celulóide.
O visionário George Lucas, um dos fundadores da Light & Magic, costuma dizer que ainda vai chegar o dia em que atores e atrizes vão trabalhar num cenário inventado por computador, dispensando as locações e a espera dos diretores por aquele pôr-do-sol especial.

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