São Paulo, quarta-feira, 7 de junho de 1995
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Estopim; Os bahá'ís; Assistência jurídica; Onde estava?; Medeiros

Estopim
``Na década de 40 um movimento popular empolgou as massas: o petróleo é nosso. À sua frente estavam os generais Horta Barbosa e Leonidas Cardoso, este último pai do atual presidente da República. Getúlio Vargas, quando eleito presidente, assinou a lei do monopólio do petróleo e assim surgiu a Petrobrás, que envolve 110 empresas subsidiárias nos dias de hoje. Ninguém poderia imaginar àquela época que algum dia uma insólita greve de petroleiros viesse a prejudicar o povo. E essa greve recém-terminada pode ser o estopim para abrir o caminho à `República Sindicalista do Brasil'. A greve geral está sendo preparada, e a desorganização econômico-social que virá irá promover o caos no país. O Brasil caminhará rapidamente para a tomada do poder pelos sindicatos se o governo federal e as Forças Armadas não se aperceberem do desvio de rumos que tomou a nossa democracia. Liberdade sem limites e desrespeito às leis e aos direitos do povo -é como ela se apresenta."
Tito Livio Fleury Martins (São Paulo, SP)

``A vitória do governo foi de Pirro, pois mostrou-se à nação sua verdadeira face. A credibilidade dos meios de comunicação no regime militar era nula, assim como os da atual ditadura econômica vão ficar. O pleito dos petroleiros é justo, e uma boa parte da população se convenceu disso, apesar da espetacular manipulação da informação e de o governo `democrático' não ceder."
Vital Fernando Lopes de Souza (Rio de Janeiro, RJ)

Os bahá'ís
``Ao ler a Folha de 27/5, com alegria nos deparamos, na coluna de Paulo Coelho, `Maktub', com um texto do fundador da Fé Bahá'í, Bahá'u'lláh (`A Glória de Deus'), extraído do livro místico `Os Sete Vales', revelado em 1850 nas montanhas do Kurdistão, norte do atual Iraque. `Os Sete Vales' é um tratado místico que descreve os estágios que a alma deve percorrer para alcançar o objetivo final de sua existência, ou seja, a presença de Deus. Em nome dos bahá'ís brasileiros, gostaríamos de expressar ao querido escritor Paulo Coelho e a este respeitável veículo de comunicação a nossa gratidão pelo espaço concedido ao fundador de sua amada fé. Fundada há 152 anos, a Fé Bahá'í conta hoje com mais de 6 milhões de pessoas. Os bahá'ís são originários de toda nação, credo, grupo étnico, ramo de atividade, profissão e classe social ou econômica. Os bahá'ís trabalham no mundo inteiro pela unidade da humanidade, respeitando suas diversidades e pregando, entre outras coisas, o abandono dos preconceitos e superstições e a harmonia entre a religião, a ciência e a razão. No Brasil desde 1921, os bahá'ís estão estabelecidos em mais de 1.200 localidades em todos os Estados."
Virgínia Montéjo, coordenadora da Comunidade Bahá'í do Brasil (Brasília, DF)

Assistência jurídica
``Em carta dirigida ao Painel do Leitor (6/6), o reitor da Universidade Federal de Goiás afirma que diversas universidades prestam assistência jurídica aos carentes. Diz ainda o ilustre professor que a Faculdade de Direito da UFG instalou, desde 1994, um juizado especial de pequenas causas. Ocorre, entretanto, que o Centro de Ciências Jurídicas da UFSC estruturou, a partir de um convênio entre o Tribunal de Justiça, Ministério Público e OAB estaduais, uma Vara de Exceção nas dependências da Faculdade de Direito, composta de um juiz togado, um promotor público e um cartório, com competência para receber, tão-somente, pleitos originários do escritório modelo do curso de direito. A experiência de Santa Catarina é única, queira ou não o magnífico de Goiás."
Nilson Borges Filho, diretor do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Santa Catarina (Florianópolis, SC)

``A Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro, por meio do seu escritório modelo, em funcionamento desde a década de 70, vem atendendo, gratuitamente, a média mensal de 280 pessoas de baixa renda que procuram a Justiça, com o trabalho de alunos dos quatro últimos períodos do curso, sob a coordenação de professores. Além do escritório modelo e do Núcleo da Defensoria Pública, estão em fase final de remodelação as instalações do centenário prédio, para abrigar o Projeto de Ação Comunitária e Cidadania, que colocará em funcionamento um juizado de pequenas causas, um plantão do trabalhador (esse já em atividade conveniada com a Secretaria de Estado do Trabalho), a ampliação do Núcleo de Defensoria Pública e do escritório modelo, que, no momento, está com 176 ações em andamento."
Francisco Amaral, diretor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, RJ)

Onde estava?
``Pouco mais de 24 horas após o término da greve dos petroleiros, quando as refinarias ainda não haviam retomado sua produção normal, nem havia tempo hábil para que o gás tivesse chegado às distribuidoras para engarrafamento, vemos as cidades inundadas de caminhões carregados de botijões. Seria salutar que se perguntasse onde estava esse gás. O jornalismo cumpriria seu relevante papel se informasse isso à população."
Renato Zanoni (Santos, SP)

Medeiros
``Venho demonstrar meu descontentamento com esse conceituado jornal, do qual sou leitor assíduo. A Folha, na minha opinião (e de milhares de leitores), é o melhor jornal do Brasil. Prestou inestimáveis serviços à nação quando denunciou Collor, PC e demais corruptos e gaba-se de ter o `rabo preso com o leitor'. O jornal publicou a denúncia do ex-assessor de Luiz Antônio Medeiros sobre as maracutaias da Força Sindical, demonstrando que essa `central' foi fundada com dinheiro de empresários e do ex-presidente Collor de Mello, mas depois calou-se em relação a Medeiros. Por quê? Será que o motivo é Medeiros estar ao lado do governo na reforma da Constituição, em que vários direitos dos trabalhadores cairão por terra, ou a Folha se cala na esperança de ver o maior traidor da classe operária reabilitado? A Folha agiria da mesma forma se as denúncias fossem contra Vicentinho, da CUT?"
Henrique José da Silva Jr. (Jacareí, SP)

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