São Paulo, quinta-feira, 8 de junho de 1995
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Contras fazem quebra-quebra no Congresso

PAULO SILVA PINTO; DENISE MADUENO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Grupos de sindicalistas contrários à quebra do monopólio do petróleo pressionaram de forma literal o Congresso ontem. Quebraram três vidraças da fachada do prédio e invadiram o Salão Negro.
Depois de abraçar a Câmara, os manifestantes -ligados à CUT e à JR-8 (juventude do MR-8)- desceram a rampa com deputados. Em seguida, eles queriam entrar no prédio para ter acesso às galerias do plenário da Câmara.
A segurança deixou uma abertura de 20 centímetros na porta de vidro e só permitiu a passagem de parlamentares e da imprensa.
Os manifestantes -a maioria deles um grupo de 200 trabalhadores sem terra- começaram a bater as bandeiras e chutar os vidros. Os próprios deputados fizeram uma barreira para que o grupo não avançasse para o Salão Verde.
Ali, dez membros da Força Sindical distribuíam, sem serem incomodados pela segurança, panfletos pró-flexibilização do monopólio a deputados que iam para o plenário.
``Chegamos de terno e gravata às 14h, e ninguém perguntou na portaria aonde íamos", disse Luiz Antônio de Medeiros, presidente da Força Sindical. ``Se eles não conseguiram entrar, é porque não têm competência", disse.
O deputado Jair Meneguelli (PT-SP) disse que ``a gente poderia pôr nosso pessoal aqui (nos corredores do Congresso), mas eles preferem as galerias".
FHC
O presidente Fernando Henrique Cardoso soube dos tumultos no Congresso por meio de seu computador pessoal. Às 16h45, quando recebia o ministro da Justiça, Nelson Jobim, FHC resolveu acessar as notícias do Congresso.
``Ih, deu tumulto no Congresso!", disse o presidente. Ele leu trecho da informação, atribuída ao deputado Jair Meneguelli (PT-SP) de que os seguranças da Câmara não souberam negociar com os manifestantes. FHC ironizou a declaração. ``Tá bom, não souberam...", disse o presidente.
Spis
O coordenador da Federação Única dos Petroleiros, Antônio Carlos Spis, responsabilizou ontem os seguranças pela quebra de dois vidros, às 15h, na entrada do Congresso Nacional. ``O clima está quente por aqui", afirmou Spis.
Segundo afirmou à Folha, por telefone, a delegação de cerca de 500 petroleiros e trabalhadores rurais tentou negociar com os seguranças para entrar no Congresso.
Um ato público contra a quebra do monopólio do petróleo foi realizado ontem, às 12h30, em frente à sede da Petrobrás, no centro do Rio. Às 13h, a Folha contou 83 pessoas na manifestação.

Colaboraram a Sucursal do Rio e a Reportagem Local

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