São Paulo, quinta-feira, 8 de junho de 1995 |
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Alta literatura ignorou pobres
LUÍS ANTÔNIO GIRON
O autor valoriza textos menores onde o pobre aparece menos fantasiado. Debruça-se nas hilariantes taxionomias de marginais do século 16. Nessas obras, cronistas classificam atitudes e gírias de malandros em listas intermináveis. O historiador usa a literatura como espelho da consciência social e não como documento. Na Idade Média o cristianismo valorizava a miséria por opção. À medida que o mundo se urbaniza, vai se convertendo em perigo. Geremek observa que, desde as histórias de mendigo da Antiguidade, o vagabundo é visto como subversor, mas também depositário da cultura popular. ``Primeiro a pança, depois a dança", diz uma gravura francesa do século 16, citada por Geremek. A ética da vagabundagem encerra uma estética, até hoje mal-entendida. (LAG) Livro: Os Filhos de Caim Autor: Bronislaw Geremek Tradutor: Henryk Siewierski Lançamento: Cia. das Letras Quanto: R$ 29,00 Texto Anterior: Geremek descreve cultura dos miseráveis Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch Índice |
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