São Paulo, quinta-feira, 8 de junho de 1995
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Primeiras videiras chegaram pelos Andes

JORGE CARRARA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Há mais de quatro séculos se elabora vinho na Argentina. As primeiras videiras foram introduzidas no país em 1556, pelo padre Juan Cidrón.
Proveniente do Chile, Cidrón desembarcou as mudas (de uva criolla, uma variedade utilizada até hoje para elaborar vinhos comuns) na cidade de Santiago del Estero, no norte do país, onde deveria assumir responsabilidades como sacerdote.
Os vinhedos não prosperaram no lugar, mas o cultivo da uva se espalhou para o oeste, em direção à cordilheira dos Andes, crescendo rapidamente na região de Cuyo (composta pelas províncias de San Juan e Mendoza).
Registros do século 18 já apontavam a região como fonte de vinho bom e abundante. A produção, porém, não alcançou notoriedade comercial por causa das enormes dificuldades de transporte até Buenos Aires.
O impulso para a indústria chega em 1855, com a conclusão da ferrovia que une Mendoza e San Juan a Buenos Aires, que criou um meio eficaz de escoar os goles da região. Chegaram também, pouco depois, várias ondas de imigrantes europeus, que trouxeram debaixo do braço as primeiras variedades de uvas nobres.
Hoje a Argentina, com cerca de 1,5 bilhão de litros elaborados por ano, é o quinto maior produtor de vinhos do mundo. As principais regiões vitivinícolas continuam ao pé dos Andes, no lado que se estende desde a província de Rio Negro até Salta, no extremo norte.
Por ser mais cálida, Mendoza (que conta com bons brancos) tem perfil mais para tintos. É dos bem irrigados vinhedos mendocinos, localizados em volta de Mendoza, a capital -uma cidade bonita e charmosa, de ruas largas e arborizadas- que brota grande parte da produção argentina.
San Juan é terra ainda mais quente. Na província, segunda em volume de produção, se elaboram vinhos base para vermute e tipo jerez (alguns muito interessantes).
Já em Salto, extremo norte, nos vinhedos encravados no microclima do Cafayate, nascem vinhos surpreendentes, como os peculiares brancos elaborados com a rara uva torrontéa, de perfume intenso que lembra uva muscat e lavanda.
Cafayate abriga também um dos bons produtores argentinos: Etechart. Além dos seus brancos Torrontés e Chardonnay, vale a pena experimentar os seus tintos, especialmente o Arnaldo B, Etechart, um Cabernet/Malbec/Merlot envelhecido em carvalho francês.
Mas há também belos exemplares de outros produtores que merecem ser conferidos na próxima esticada aos pampas.
Entre os mendocinos os de Finca Flichmano (Caballero de la Cepa Chardonnay e Cabernet), Luigi Bosca (Syrah, Pinot Noir), Nieto & Senetiner (Valle de Vistalba Syrah e Vendimia 1991), Orfila (Finca El Molino e de las Reinas), Legarde (Crianza) e Navarro Correas (Cuvée Julian Correas).

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