São Paulo, quinta-feira, 8 de junho de 1995
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Culinária e cultura se misturam na cidade

SUSAN SPANO
DO ``TRAVEL/THE NEW YORK TIMES"

``Buenos Aires", eu dizia sobre minha respiração ofegante, enquanto o ônibus atravessava os pampas argentinos em direção à costa do Atlântico.
Já tinha viajado pelo Chile, região dos Andes, por mais de uma semana e estava muito excitada para chegar até a ``Paris da América Latina", lar do escritor Jorge Luis Borges, do tango e de 11 milhões de argentinos.
Tinha reservas para o hotel Castelar, sugerido por uma agente de viagens em Córdoba, que havia também feito a reserva de um quarto por US$ 50.
Ela me fez um grande favor, porque meu quarto no antigo Castelar de três estrelas era normalmente taxado por US$ 70 ou US$ 80 para um casal.
O hotel possui uma ótima localização, na interseção de dois dos maiores bulevares da cidade, na bela e arborizada avenida de Mayo e a barulhenta 9 de Julio.
Há dez minutos a leste do lugar está a plaza de Mayo, onde a cidade foi fundada em 1580; no lado oeste a plaza do Congresso e a norte a la Republica, que possui um obelisco que lembra o monumento Washington, nos EUA.
Mas, na maioria das vezes, Buenos Aires me lembrou mesmo Paris, por sua arquitetura, estátuas de seus heróis e pelos casais que se beijavam nas ruas.
Os jantares revelaram para mim, assim como os rostos das pessoas, a complexidade ética na cidade. Na pizzaria Guerrin, na avenida Corrientes -onde havia uma montagem da peça ``Três Mulheres Altas", de Edward Albee- gastei US$ 10 em um chope e uma pizza napolitana.
E aconteceu também de eu conhecer um pequeno restaurante chamado Las Marías, no distrito de San Telmo, ao sul do centro da cidade. Suas toalhas de mesa floridas e as fotos do legendário cantor de tango Gardel nas paredes me pareceram um convite.
Na cidade havia também o tango. Nas ruas um casal dançava. Depois de colocar US$ 2 no chapéu do cavalheiro pela apresentação, me lembrei que havia pago muito mais por uma demonstração da dança no Museu de Arte Hispano-Americana.

Tradução de Marcelo Rezende

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