São Paulo, sexta-feira, 9 de junho de 1995
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Polícia entra em confronto com sem-terra em PE

DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE, JOÃO PESSOA E BELO HORIZONTE

Um grupo de trabalhadores rurais sem-terra entrou em confronto com a Polícia Militar ao tentar invadir ontem o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Recife.
O tumulto ocorreu às 15h e durou dez minutos. Houve correria e empurrões, mas ninguém se feriu gravemente. Um sem-terra desmaiou.
O diretor do MST (Movimento Sem-Terra) no Estado, Jaime Amorim, acusou os policiais de agredir os colonos durante o protesto.
O comandante da operação, Alexandre Carneiro, disse que a polícia ``apenas empurrou" os manifestantes para evitar a invasão.
Segundo Amorim, participaram da manifestação cerca de 800 pessoas. Para a PM, apenas cem pessoas estavam no local.
Às 16h, a Superintendência do Incra autorizou a entrada do grupo no pátio do prédio. Uma pauta com reivindicações foi entregue ao superintendente-adjunto do órgão, Isnaldo Francisco da Silva.
No documento, os colonos pediam a desapropriação de dez áreas, vistoria em outras 16 e recursos para produção.
João Pessoa
As 60 famílias de trabalhadores sem-terra que invadiram a sede do Incra em João Pessoa devem deixar o local hoje.
Ontem, uma comissão de trabalhadores foi a Mamanguape (litoral norte) avaliar duas áreas oferecidas temporariamente pelo governo estadual.
Se aceitarem as áreas, os trabalhadores vão poder plantar culturas de subsistência (feijão, milho e mandioca), até que o Incra conclua o processo de desapropriação de uma fazenda entre Santa Rita e Cruz do Espírito Santo, de onde foram expulsos no último final de semana.
Belo Horizonte
Depois de 34 horas acampados em frente à sede do Incra em Belo Horizonte, os cerca de 700 trabalhadores rurais sem terra liberaram a via para o trânsito no final da tarde de ontem e foram para o Palácio da Liberdade.
Os sem-terra foram em busca do apoio do governador Eduardo Azeredo (PSDB). Eles pediram a Azeredo a elaboração de programas de infra-estrutura em áreas já desapropriadas pelo governo federal.
Segundo o coordenador do MST em Minas, Armando Vieira de Mendonça, Azeredo ouviu as reivindicações e ficou de dar uma resposta sobre o que poderá ser feito pelo governo.
Nas reuniões com o Incra, os sem-terra obtiveram promessas de vistorias em 25 áreas que estão sendo reivindicadas por eles para desapropriações, de verbas para sementes e equipamentos e de agilização de processos pendentes de novos assentamentos.

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