São Paulo, sexta-feira, 9 de junho de 1995
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EUA resgatam piloto desaparecido

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Em espetacular operação, fuzileiros navais resgataram ontem o capitão da Força Aérea dos EUA Scott O'Grady, que havia tido seu avião atingido por um míssil dos sérvios na Bósnia na sexta-feira passada.
Foi a primeira ação militar norte-americana em território bósnio. Dois helicópteros e 41 fuzileiros navais dos EUA ficaram dois minutos no chão até O'Grady subir a bordo de um deles.
Um helicóptero foi atingido por balas de fuzis e metralhadoras de tropas sérvias. Um míssil sérvio foi disparado, mas não atingiu seu alvo. Fuzileiros dos EUA responderam ao fogo. Não houve feridos.
Entre a identificação positiva da voz de O'Grady em contato por rádio com aviões que o procuravam e sua chegada ao porta-aviões USS Kearsage no mar Adriático se passaram cinco horas e meia.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, que autorizou a missão, foi informado do seu desenrolar pelo assessor de segurança nacional Anthony Lake, durante a noite de anteontem, e falou com os pais de O'Grady quando ela terminou.
Ao final da operação, à 1h30 (2h30 em Brasília), Lake disse a Clinton: ``Com ou sem sua permissão, vou fumar um charuto" (é proibido fumar na Casa Branca, sede do governo dos EUA).
Clinton, que proibiu o fumo no local instado pela mulher, respondeu: ``Então venha para cá, eu estou acendendo um no terraço".
Depois que suas rações acabaram, comeu formigas, grilos e grama e bebeu água de chuva.
Ele se escondia durante o dia e se movia à noite. Emitiu sinais de bip e tentou contato com seu rádio. Quando teve sucesso, às 2h de ontem (21h de anteontem em Brasília), a operação resgate começou.
Os planos foram feitos para os helicópteros partirem do navio USS Kearsage após o amanhecer. O local exato onde O'Grady estava foi determinado por uma fumaça amarela liberada por ele.
O'Grady estava desidratado, faminto e com frio, mas o único ferimento foi uma queimadura nas costas, ao ser foi ejetado do avião.

LEIA MAIS
sobre a crise dos reféns na Bósnia à página 12.

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