São Paulo, sexta-feira, 9 de junho de 1995
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Competição na poupança

A proposta de permitir que as cadernetas de poupança tenham remuneração diferente em cada banco é um passo no sentido de reduzir a interferência do Estado na economia. Da competição entre as instituições financeiras o aplicador pode sair beneficiado.
Espera-se que antes de fechar a proposta, ainda em estudo, o governo considere os efeitos que ela pode causar no Sistema Financeiro de Habitação. Afinal, o SFH tem empréstimos de longo prazo baseados na captação de recursos através das cadernetas de poupança.
Hoje, os bancos pagam ao poupador juros de 6% ao ano acima da Taxa Referencial e cobram dos mutuários do SFH a mesma variação da TR mais uma taxa de 12% ao ano. E para os empréstimos já contratados dificilmente se poderá alterar esse teto de 12%. Como se espera que a competição pelo cliente eleve a remuneração da poupança, a margem de lucro dos bancos tende a cair nesses casos. O que não é necessariamente um problema.
Contanto que o governo esteja atento para evitar a ocorrência de incompatibilidades mais sérias, a intenção de avançar na flexibilização das taxas de juros só pode ser bem-vinda num momento em que o país enfrenta o desafio de eliminar as várias formas de indexação.
O excesso de regulamentações e a existência de mercados cativos são de modo geral fatores de ineficiência que impõem custos a toda a sociedade para benefício de alguns poucos. No mercado financeiro, as empresas já competem em vários tipos de aplicações oferecendo distintas taxas de juros ou outros tipos de ganho. Flexibilizar as taxas pagas pelas cadernetas de poupança seria eliminar um dispositivo cartorial que resistiu ao tempo.

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