São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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Quando o acabamento faz a diferença

GUILHERME FRANÇA

Há muito pouco tempo, o processo de escolha de um imóvel residencial era pautado pelo conceito de bem-estar e segurança da família. Localização e acabamento eram detalhes que assumiam segundo plano quando o ideal era morar no mesmo bairro em que nasceu ou onde fosse possível manter os mesmos hábitos adquiridos na infância: os amigos, a escola, a igreja etc.
As mudanças impostas pela moderna sociedade de consumo atingiram também o mercado imobiliário. Hoje, bem-estar e segurança, obrigatoriamente, devem estar ligados ao conforto, à praticidade, ao lazer, ao bom gosto, ao nível sócio-econômico e cultural do bairro, e também à liquidez financeira do bem que se adquire.
As exigências de uma família moderna são maiores e muito mais racionais: a qualidade dos materiais usados no acabamento tem a ver com a durabilidade e a praticidade para um dia-a-dia que cada vez se torna menor. Equipamentos e acessórios, como armários embutidos, boxes nos banheiros, fogão, geladeira, lava-louças, entregues nos imóveis -um novo conceito no mercado- é outro fator que, quando bem analisado, traz um diferencial enorme, talvez só percebido por quem já contratou um marceneiro para montar armários na véspera da mudança, ou tentou instalar a máquina de lavar-louças antiga debaixo da pia da casa nova.
A fachada de um prédio, quando revestida em granito, mármore ou em cerâmica de boa qualidade, significa menos gastos e aborrecimentos a médio e longo prazo, que podem ser avaliados por quem já participou de reuniões de condomínio para decidir (e pagar) a pintura externa do edifício.
Também do ponto de vista econômico-financeiro a análise para a compra do imóvel adquiriu novas variáveis. Os valores agregados à estrutura básica de ferro e cimento geram as variações, traduzidas em custos e benefícios. Talvez o imediatismo e a visão de curto prazo induzam boa parte dos compradores a procurar somente preço, o que facilmente pode se traduzir em prejuízos, ou o conhecido ``barato que sai caro".
As novas técnicas de construção, a competitividade entre os fornecedores, a compra em grande escala e o acesso às importações, além da incorporação dos custos ao financiamento do imóvel, fazem com que os benefícios trazidos pelo bom acabamento não sejam transferidos de forma significante para o preço final do imóvel.
A responsabilidade sobre a decisão de compra é pesada. O mercado complica a definição devido ao grande número de ofertas e à dificuldade para equalização dos produtos. Em contrapartida, quando os incorporadores e construtores passaram a oferecer inúmeras facilidades para a aquisição de imóveis, com tabelas facilitadas e prazos longos de financiamentos, a busca da maior qualidade do imóvel deixou de ser um privilégio de uma classe minoritária. A qualidade está ao alcance de muitos! E com certeza com muito mais benefícios do que custos.

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