São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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Segredo da revolução intelectual

STEPHEN JAY GOULD

Eu já conhecia as linhas gerais do contexto social (descrito no livro) antes de ler "Darwin". Mas a história é narrativa, e a verdadeira compreensão consiste em integrar os detalhes.
Sinto-me grato a Desmond e Moore sobretudo porque acho que agora, finalmente, consegui compreender -grosso modo- porque Darwin fez sucesso em seu século (...).
Consigo identificar partes de uma resposta. Darwin possuía uma estranha apreciação do terreno médio, indefinível porém necessário, de toda revolução intelectual -o abismo acentuado existente entre vales de esquisitice e convencionalidade.
Ele tinha uma curiosidade obsessiva (e honestidade no exame dos resultados obtidos a partir dela), que só pode ser qualificada de acirrada. Seus questionários e experimentos eram modelos de meticulosidade; ele não suportava qualquer deslize na lealdade intelectual de seus defensores.
Não consigo integrar todas as peças que, na última e paradoxal análise, fazem de Darwin a invalidação de qualquer determinismo sociocultural -mas acho que é essa totalidade que costumamos qualificar de "gênio".

Trechos extraídos da resenha "The Paradox of Genius", publicada na revista "Nature".

Tradução de CLARA ALLAIN

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