São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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Ku Klux Klan muda para atrair adeptos

DANIELA ROCHA
DE NOVA YORK

O Ku Klux Klan (KKK), organização racista dos EUA, fundada em 1865, está em plena ofensiva de marketing para buscar novos adeptos. O sinistro Klan dos encapuzados, com uma longa crônica de crimes contra minorias, retratada em filmes como ``Mississipi em Chamas", está preocupado com o desgaste de sua imagem e a concorrência de outros grupos, como as Milícias e os Patriots.
O KKK, que prega a supremacia branca e, na sua ala mais radical, o extermínio de negros, judeus, estrangeiros e homossexuais, quer vender uma cara nova. ``Somos contrários a qualquer manifestação de violência ou contra a lei e não temos treinamento paramilitar. Queremos preservar a identidade cristã", diz à Folha o pastor Thomas Robb, 49, diretor nacional da maior célula do KKK, a Knights of the Ku Klux Klan (Cavaleiros do Ku Klux Klan).
O KKK está investindo em marketing e a organizando uma série de encontros.
Um desses encontros aconteceu na semana passada, em um subúrbio de Chicago. Reuniu mais gente protestando contra o KKK do que apoiando a organização.
No mês passado, um encontro aberto apenas para membros da igreja batista The Church of Jesus Christ, da comunidade de Zinc, em Arkansas, foi um grande happening. Arkansas, Estado de Clinton, abriga a sede do Knights of the Ku Klux Klan (KKKK).
O encontro, com o título de ``1995 Patriot's Day Picnic" (Piquenique do Dia do Patriota de 1995), convidava seus participantes para uma ``celebração do movimento religioso branco cristão com discurso do líder Thomas Robb e apresentação de vídeos cristãos, programação especial para crianças, venda de camisetas, chapéus e livros".
Na área de marketing, além de camisetas, vídeos, publicações e objetos variados, alguns com piadas racistas e slogans da organização, o Klan está propagando seus ideais através de mensagens gravadas e transmitidas por telefone. Integrantes do grupo operam também na rede Internet, que interliga computadores de todo planeta.
Em uma das ``hot-lines" ouve-se o aviso: ``Esta mensagem pode ser considerada discriminatória, não politicamente correta ou aprovada pelo regime da Nova Ordem Mundial. O Knights of Ku Klux Klan não encoraja, ensina, direciona, apoia ou sugere publicamente ou internamente violência ou atividades ilegais. O KKKK, que tem sua sede nacional em Harrison, Arkansas, e publica o jornal `The White Patriots', é uma associação que tem objetivo de alertar as pessoas a se voltarem para as leis de Deus, para a salvação de nossa Nação."
O discurso agora é: ``Não odiamos negros, apenas somos favoráveis aos brancos" -pronunciado pelo próprio diretor Thomas Robb. O KKK também não se proclama contrário ao governo -como as Milícias-, mas sim contrário aos dois grandes partidos americanos, o Republicano e o Democrata.
O Klan não chama mais seu chefe de ``grand wizard" (grande mago) e desestimula o uso das túnicas e capuzes brancos.

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