São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995 |
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Caro leitor, paciência
GILBERTO DIMENSTEIN BRASÍLIA -Entre as pessoas que admiro está Paulo Sérgio Pinheiro, por seu preparo intelectual e, em especial, trabalho a favor dos direitos humanos mundialmente reconhecido. Daí eu prestar atenção em suas opiniões. Numa conversa ontem, ele provocou: “Você está irritando seus leitores”.Como minha presença nesta coluna está em contagem regressiva, abro a discussão -até porque reflete também o retorno por meio de cartas, algumas publicadas no Painel do Leitor, que tenho recebido sobre críticas ao PT, CUT, petroleiros, reformas da Previdência, e por aí vai. Paulo Sérgio citou vários exemplos. Um deles: o elogio que fiz ao prefeito Paulo Maluf, devido ao cinto de segurança. “Você confunde e desconcerta quando dá credibilidade a esse tipo de personagem”, criticou. Também tenho recebido cartas de empresários -e não menos duras do que as disparadas pela “esquerda”. Acreditam que estou sendo injusto ao atacar o lobby por trás do comportamento histérico, chorão e sem civismo de grupos empresariais. É chato irritar e, pior, perder leitores. Mas o que classificam como defeito ou retrocesso, imagino ser um esforço para virar mais equilibrado. Se estou certo ou errado, conseguindo ou não, é outro problema. Tento seguir uma idéia simples: elogiar o que considero correto, atacar o que imagino errado. Isso independente do personagem, do partido, de oposição ou governo. Ótimo que as mortes no trânsito baixassem porque alguém impôs o cinto de segurança -esse alguém chama-se Paulo Maluf. Ótimo que alguém distribua um salário mínimo para quem deixe seu filho na escola -esse alguém chama-se Cristovam Buarque, do PT, governador do DF. Ou que alguém como Tarso Genro, também do PT, estimule um banco municipal para financiamentos a pessoas de baixa renda. Não gosto de ACM, mas fui obrigado a reconhecer que seu discurso sobre as mazelas do Judiciário teve importância ao abrir uma discussão relevante. Discordo da maioria das posições da CUT, mas destaquei o Sindicato dos Bancários de São Paulo que planeja tirar meninos de rua do centro da cidade. Tentar ser independente é tentar ver o negativo e o positivo. Se o custo dessa busca for irritar ou perder o leitor, paciência. Texto Anterior: O segurado 663681-0/43 Próximo Texto: Antes do dilúvio Índice |
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