São Paulo, domingo, 11 de junho de 1995
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Guloseimas ambientalistas

ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES

Como parte das comemorações da Semana do Meio Ambiente -que hoje se encerra- o presidente Fernando Henrique Cardoso chamou a atenção para se acabar, de uma vez por todas, com essa conduta de guerra que ainda persiste no Brasil entre os que querem o desenvolvimento e os que querem a preservação da natureza.
Isso é coisa do passado. Hoje, no mundo desenvolvido, já se observa a mais salutar integração entre essas forças. Por isso, asseverou, temos de preservar o meio ambiente para poder desenvolver a economia e criar empregos. Preservar o meio ambiente é vida. E vida inclui a nossa, a da natureza, a dos animais, a dos organismos em geral e a das gerações futuras.
A bióloga Dixy Lee Ray já alertava em 1990 (``Trashing the Planet", Nova York, editora Rehnery Gateway) que a preservação da natureza fica muito complicada quando a paixão substitui a ciência. Em nome de descontroles emocionais, muitas decisões errôneas foram tomadas, com graves consequências para a vida humana.
Por exemplo, o dr. Paul Muller, que ganhou o Prêmio Nobel de Medicina em 1948 pela invenção do DDT, viu sua comenda praticamente cassada por força do destempero de ecologistas atacados que, na década de 70, conseguiram aprovar uma legislação complexa que proibiu o uso daquele inseticida na agricultura. Consequência: a produtividade agrícola despencou e a malária voltou a contagiar, só nos Estados Unidos, mais de 8 milhões de pessoas picadas por mosquitos até então exterminados pelo DDT.
É assim mesmo. Quando reina a ignorância, qualquer pequeno fato pode se transformar em catástrofe. Um artigo do ``Wall Street Journal" na Semana do Meio Ambiente e reproduzido pela ``Gazeta Mercantil" ressalta que, no mundo desenvolvido, já se planta muito mais árvores do que se derruba e queima; a poluição do ar diminuiu em 40%; o número de lagos, rios e riachos nos quais se pode nadar e pescar já dobrou; as emissões tóxicas das indústrias já diminuíram 43%.
Tudo isso já está acontecendo também nos países em desenvolvimento e vai se intensificar ainda mais na medida em que a agricultura ganhar produtividade e que a retórica apocalíptica dos ecologistas sossegar um pouco. A revista ``Veja" da semana passada apresenta uma ampla reportagem mostrando que, ao contrário da crença geral, o mundo está cada vez mais limpo e eficiente no uso dos recursos naturais.
Tudo indica que os verdes -uma boa parte vermelhos até pouco tempo atrás- terão de mudar de cor e buscar um outro tema para continuar vociferando nos rádios, jornais e televisão. Naquela ocasião estaremos em melhor condição para fazer um balanço sereno da sua ação na guerra a que o presidente Fernando Henrique se referiu.
O maior purificador do chamado ``efeito estufa" é o mar. Os oceanos são grandes absorvedores de CO2 (dióxido de carbono) que, juntamente com a energia solar, fósforo e nitrogênio -através da fotossíntese-, produzem o mais forte de todos os alimentos do planeta, o planctum, que alimenta toda a população de peixes, inclusive as 100 milhões de toneladas que os seres humanos pescam e comem todos os anos.
Será que o Criador, ao montar essa complexa equação, dentre tantas outras, fez isso por acaso? Será que os ambientalistas ignoram o papel equilibrador de todas essas forças?

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